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Artigo adicionado em 25/09/2003, às 03:39

Camelot 3000: o derradeiro retorno do Rei Arthur
O negócio é muito bom mesmo! “Consolai-vos. Ficai seguros de que voltarei quando a terra da Bretanha precisar de mim”. Essas foram as últimas palavras proferidas por um governante sábio e deveras justo; um dos homens mais honrados que viveram, supostamente, sobre a face da Terra: o mítico Rei Arthur. Digo supostamente porque a existência […]

Por
Marcus "Garrettimus" Garrett


“Consolai-vos. Ficai seguros de que voltarei quando a terra da Bretanha precisar de mim”. Essas foram as últimas palavras proferidas por um governante sábio e deveras justo; um dos homens mais honrados que viveram, supostamente, sobre a face da Terra: o mítico Rei Arthur.

Digo supostamente porque a existência dele – e de seus cavaleiros da Távola Redonda – não pôde ser comprovada pelos historiadores, tampouco pelos cientistas. Através dos séculos, os feitos daquele rei e de sua poderosa espada, Excalibur, sofreram diversas intervenções realizadas por autores distintos, nas quais adicionou-se e alterou-se muito.

Nem todas as pessoas sabem, mas a lenda de Arthur não é genuinamente inglesa, apesar de ter surgido, como se acredita, pelas mãos de um monge galês no Século IX. A história do rei passou de mão em mão, de narrativa em narrativa, até que atingiu a forma com a qual tornou-se conhecida, ocasião em que, traduzida para o francês, recebeu o famoso caráter cavalheiresco de Chrétien de Troyes, um poeta do Século XII. Depois dele, a transformação definitiva da história de Arthur, em obra literária, aconteceu pelas mãos do britânico Sir Thomas Mallory, no Século XV, cujo compêndio das diversas narrativas e lendas previamente contadas foram organizadas sistematicamente e, então, imortalizadas por meio da obra La Mort d’Arthur.

Uma das últimas mudanças de que se tem notícia aconteceu em 1982 e foi realizada pelo roteirista Mike W. Barr e pelo lendário desenhista Brian Bolland: a minissérie em quadrinhos Camelot 3000 – lançada pela DC Comics.

:: O FUTURO NAS MÃOS DO PASSADO

No ano 3000 de Nosso Senhor a Terra é invadida por alienígenas de Chiron, o décimo planeta do sistema solar. Naquele futuro distante, a superpopulação e a falta de recursos naturais levaram o Homem a abandonar os projetos espaciais, bem como a diminuir a criação de armas, pois os esforços precisaram ser direcionados ao abastecimento do povo, que morria de fome e de doenças. Sem naves e sem armas, seríamos facilmente dominados.

Na Inglaterra, país totalmente tomado, o jovem Thomas Prentice Jr. foge, com os pais, de um ataque alienígena até que, após a explosão de seu carro, vai parar às portas de um abrigo militar localizado no Monte Glastonbury, o provável local onde Camelot existiu. Tateando no escuro, após entrar no complexo, Tom é perseguido por alguns extraterrestres caverna adentro. Durante a fuga, o garoto bate violentamente com o rosto numa superfície e cai, ao que lê sobre ela ao se levantar: “aqui jaz o célebre Rei Arthur, rei do passado e do futuro”. Thomas ignora aquela bobagem, mas não por muito tempo.

:: A SALVAÇÃO DA TERRA – HISTÓRIA SE REPETE

Arthur, então, de forma inesperada levanta-se de seu caixão e, atordoado pelo sono de séculos, dá início a uma das maiores aventuras já criadas em quadrinhos.

Ele viria a descobrir, dentro em breve, a existência dos invasores e que se tornaria a última esperança da Terra – as forças de defesa do planeta haviam sido sobrepujadas. Nada seria fácil, por conseguinte, para o antigo rei. Precisaria acordar Merlin, que jazia preso em Stonehenge, recuperar Excalibur das mãos da Dama do Lago e novamente reunir seus comandados, os ‘Cavaleiros da Távola Redonda’.

Haveria mais, além disso, uma vez que outros personagens – especialmente os inimigos – também estariam de volta. Durante a leitura, que não dá lugar para obviedades, muitas surpresas são paulatinamente mostradas para os leitores. Os cavaleiros de Arthur, por exemplo, realmente regressam, mas reencarnados em corpos de pessoas do Século XXX. O fato de Sir Tristão reviver numa mulher é soberbo se levarmos em conta sua paixão imortal pela bela Isolda. Preparem-se: a minissérie está repleta de sutilezas que podem ser melhor apreciadas por conhecedores da obra.

Arthur e sua trupe, auxiliado ainda pelo jovem Tom (cujo sobrenome assemelha-se demais com a palavra aprendiz – em inglês), precisariam combater os alienígenas, tecnologicamente superiores, e, além disso, teriam que enfrentar políticos ardilosos de uma Terra em que a magia não encontra mais espaço e na qual o cavalheirismo saiu de moda há séculos. O maior pesadelo, contudo, viria na forma de antigos medos e de fantasmas do passado, como o triângulo amoroso de Arthur, Guinevere e Lancelot, que voltariam para atormentar a cabeça do velho rei. O ciclo da primeira existência dos heróis, quer seja de glórias, de esplendor ou de desgraça, completar-se-ia mais uma vez em Camelot e na Távola Redonda, novamente erigidos.

O leitor não sentirá a falta de nada: há muita ação, violência, intrigas, revelações, incertezas, complôs, traições, humor, surpresas e sensualidade. Morgana, por exemplo, sempre aparece vestida em trajes mínimos, quase que de calcinha e de sutiã; muito provocadora em todos os sentidos.

A arte de Bolland é espetacular e a sensação de movimento conseguida pelo desenhista impressiona. A visão futurista da Terra, outro detalhe interessante, é um tanto quanto retrô, fato que dá um sabor diferente à publicação. De fato, Camelot 3000 se parece muito com um daqueles filmes de ficção científica da década de setenta. Mike Barr, o roteirista, tomou o cuidado de não requerer conhecimento prévio a respeito das lendas Arthurianas para a plena compreensão da história, mas se esse existir, o indivíduo se deliciará ainda mais com os quadrinhos.

Infelizmente, leitores, não posso lhes contar muito mais, porque Camelot 3000 está repleta de surpresas e de mistérios que precisam ser desvendados. E isso somente poderá ser feito por vocês.

:: VANGUARDA EM 1982

Lançada originalmente nos E.U.A. em 1982, a série é um produto dotado de certa vanguarda, uma vez que conseguiu mesclar universos tão distintos de modo a muito entreter o leitor. É realmente estranho – e surreal – ver Arthur a brandir Excalibur em meio a raios laser e a naves espaciais. Porém, a força do argumento e o fabuloso tratamento do roteiro – que está cheio de vais-e-vens e a todo momento evoca acontecimentos do passado – fazem da história um espetáculo obrigatório aos amantes do gênero.

O diferencial está em fatos ímpares que quase não permeavam o mundo dos quadrinhos convencionais do início dos anos oitenta: a ousadia ao se tocar em temas como o homossexualismo, a nudez e a violência explícita. Esse particular costumava pertencer aos quadrinhos de terror antigos e a, posteriormente, passou a aparecer em Batman: Cavaleiro das Trevas e em Watchmen na mesma década.

Curiosiade: Camelot 3000 foi uma das primeiras revistas a ignorar o selo do Comics Code Authority, um órgão que regulava a censura das histórias em quadrinhos da época.

:: OS AUTORES

O britânico Brian Bolland iniciou a carreira em sua terra natal, na revista 2000 A.D. Lá o artista ilustrou a série Judge Dredd, também inglesa. Nos Estados Unidos desenhou capas de diversas revistas da DC e trabalhou em publicações como Batman: A Piada Mortal, um clássico.

Mike W. Barr, por sua vez, não teve diversos trabalhos publicados após ‘Camelot 3000’. Escreveu especiais de ‘Batman’ e alguns trabalhos da série Jornada nas Estrelas em quadrinhos.

:: NO BRASIL

Em nosso país a série foi lançada, inicialmente, na forma de adendos de revistas de super-heróis publicadas pela Editora Abril nos anos de 1984 e 1985, tais como ‘Batman’ e Superamigos. Em 1988 foi lançada no formato de minissérie e teve quatro edições de aproximadamente 80 páginas em cada.

Um fato interessante: na primeira publicação, algumas cenas de nudez e de homossexualismo foram removidas dos quadrinhos, que foram editados por causa da censura. Na edição da minissérie, a de 1988, tais cenas foram mantidas e não houve a restrição.

Infelizmente, leitores, Camelot 3000 somente pode ser encontrada em sebos atualmente, já que desde 1988 não foi mais publicada. Nos Estados Unidos, porém, recentemente foi relançada no formato TP (Trade Paperback) e pode ser comprada com certa facilidade via Internet ou encomendada em lojas do ramo. Custa por volta de R$ 70,00.

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