|
Não precisa me conhecer muito para saber que sou completamente fissurado no Homem-Aranha, meu herói favorito desde os 7 anos de idade. No entanto, no começo da década de 90, fui completamente fisgado por um super-herói confuso e cheio de problemas familiares, com dificuldades de entender seus próprios poderes, envolvido em uma série de histórias bizarras e, muitas vezes, aparentemente sem sentido. Tratava-se do Homem-Animal – um mero coadjuvante da DC Comics que foi revitalizado, depois da Crise nas Infinitas Terras, por um britânico careca e completamente maluco de nome… Grant Morrison (é, ele mesmo, o escritor de New X-Men). E ao acompanhar as histórias publicadas na finada revista DC 2000, posso dizer que acrescentei outro mascarado à minha lista de favoritos.
Em Homem-Animal: Volume 1, a Brainstore reúne os sete primeiros números da incursão de Morrison pelo título no final dos anos 80, transformando Buddy Baker em um personagem adulto que, anos depois, precisaria ser catapultado para o selo Vertigo por simplesmente não se ajustar mais na linha regular de heróis da DC.
Buddy Baker é apenas um sujeito comum que sofreu um acidente com alienígenas e acabou ganhando o poder de roubar as habilidades dos animais num determinado campo visual. Seria o suficiente para torná-lo um combatente do crime? Numa história em quadrinhos comum, com certeza… mas este não é o caso. Aqui, Baker é um herói relutante, que divide seu tempo entre ajudar aqueles que pode e tentar colocar comida em casa usando seus poderes para trabalhar como dublê. Tratado como herói de segunda categoria, ele é casado com a dedicada Ellen e pai de dois filhos: a pequena e doce Maxine e o rebelde pré-adolescente Cliff. Para complicar ainda mais as coisas, Morrison faz com que Baker descubra que seus poderes vão muito além da superficialidade que Baker imagina…
O Homem-Animal começa a entrar em contato com os animais de tal forma que ele começa a se sentir parte deles e de toda a obra da Mãe Natureza. Os conceitos de Buddy começam a mudar e ele entende, da pior forma possível, que não é um herói no sentido clássico como o Super-Homem: seu lugar é lutando pela causa de proteção aos direitos dos bichos e do meio-ambiente… por mais que ele não siga sempre a trilha mais certa em seu novo papel de ativista. Hã… e se eu disser que isso é só o começo da história toda?
O grande ápice do Homem-Animal de Grant Morrison é a maravilhosa história O Evangelho do Coiote, que abre um arco de histórias delicioso e que só vai se resolver na última edição de Morrison no título, mais de vinte números depois. Um homem completamente arrasado vai ao deserto tentar acabar com uma figura demoníaca que se parece com um coiote humanóide. A morte da criatura parece ser a última chance do sujeito continuar vivo, pois ele a culpa por todas as desgraças que se abateram em sua vida. Na verdade, o coiote tem um papel muito mais importante nesta história do que este pobre e depressivo sujeito imagina. Dotado de incríveis poderes regenerativos, o tal coiote está é querendo salvar o mundo, nem que precise morrer inúmeras vezes para isso. E no meio de tudo isso está um ainda incerto Homem-Animal que, assim como você ao ler este texto, não entende absolutamente nada. E segue-se uma história recheada de metalinguagem, fazendo uma feroz crítica à situação do mercado de quadrinhos americanos na época. Imperdível.
Com a passagem de Morrison pelo Homem-Animal, o herói ganhou nova vida… e os novos autores ganharam uma referência de como escrever uma história sobre um sujeito mascarado e de roupa colada e colante sem cair nos clichês básicos aos quais escritores e desenhistas medíocres nos submeteram na década de 90. A única pergunta que vai ficar rondando a sua cabeça quando você acabar de ler este encadernado é: Caralho, quando é que sai o volume 2? Ora, bolas, já saiu! Saiba mais clicando aqui!
:: Compre agora mesmo o primeiro volume de HOMEM-ANIMAL
|