Quando falamos da Era de Ouro dos quadrinhos, lembramos de personagens como Superman, Batman, Mulher Maravilha e outros tantos. Mas esses outros são esquecidos (ou nos fazem esquecer) apenas por motivos lucrativos – quem está mais na mídia, é mais lembrado – , deixando os fãs de carteirinha e das antigas cada vez mais frustrados. Um desses personagens, fadado ao limbo do esquecimento, é o carismático, brincalhão e dono de um par de óculos que jamais esqueceremos: o HOMEM BORRACHA, considerado pelo artista Alex Ross (Marvels e Kingdom Come) como o herói que sintetiza o gênero humor nos quadrinhos de super-heróis.

:: A HISTÓRIA

Eel O’Brian era um ladrão meia-boca que, depois de um roubo a uma fábrica de produtos químicos, levou um tiro no ombro e acabou tendo um ácido modificado de um dos tanques da fábrica despejado sobre ele. Deixado para trás por sua gangue, Eel ainda consegue despistar os policiais e sair da fábrica, se arrastando para uma mata perto do local, até que desmaia ao pé de uma montanha. Quando acorda no outro dia, Eel se vê tratado por monges que cuidam de suas feridas em um mosteiro no cume da montanha.

Ao tentar sair da cama, Eel estica seus braços, mais do que o normal, até tomar apoio para se levantar. Depois do susto, o cara descobre que, com o acidente que sofreu, pode esticar qualquer parte do seu corpo e se transformar em qualquer coisa que pense. E é aí que ele decidi usar seu estranho poder para entregar sua ex-gangue à policia. Eel gostou tanto do que fez que finalmente resolveu lutar contra o crime e defender os pobres, fracos e… ah, o resto da história você já sabe.

Criado pelo cartunista Jack Cole, o Homem Borracha teve sua primeira aparição e sua origem contada na revista Police Comics #1, publicada pela editora americana Quality Comics em agosto de 1941 (pois é, o Borracha também é sexagenário). Seu nome nos EUA é Plastic Man (Homem Plástico), porque foi na época em que o material foi inventado. O personagem agradou tanto que, no ano seguinte, ele ganha um parceiro de aventuras (o famoso “sidekick”): o bobalhão, porém engraçado Woozy Winks. Em 1943 , Borracha conquista sua própria revista e consegue sobreviver ao fim da “Era de Ouro” (1954) junto com outros 4 personagens (Superman, Batman, Mulher Maravilha e o Capitão Marvel).

O fim da sua revista acontece em 1956, quando a DC Comics compra a Quality Comics e deixa o personagem no esquecimento durante quase toda “Era de Prata” (1954 – 1970), justamente a chamada ‘era do renascimento’ para os heróis dos quadrinhos. Infelizmente, com a Era de Prata, apareceram personagens com poderes parecidos com o do Borracha… só que medíocres. É o caso de Jimmy Olsen.Em 1958, na recém-lançada revista Superman’s pal: Jimmy Olsen, o colega de jornal de Clark Kent adquiriu uma fórmula que, quando ingerida, permitia que ele se transformasse temporariamente no Garoto Elástico (Elastic Lad). Em 1960, é a vez de surgir Ralph Dibny: o Homem Elástico (Elongated Man), que era herói coadjuvante nas revistas do Flash (na época, o editor da DC disse que não sabia que eles eram donos do Borracha. Pode?). Já no ano de 1961, pela Marvel Comics, aparece Reed Richards: o Sr. Fantástico, líder do Quarteto Fantástico. Quando digo ‘medíocres’, me refiro ao fato de que estes três personagens podem apenas esticar partes de seus corpos, enquanto Borrachão pode também tomar a forma de qualquer coisa…

Seguindo em frente: em 66, a série “Disque H para Herói” (Dial H for Hero), da revista House of Mystery, apresenta o personagem Robby Reed, um menino com um discador no cinto que, quando discava a palavra HERÓI, podia se transformar em qualquer um destes heróis fadados ao limbo (e, no caso da DC, eram muuuuuuuuitos). Na edição de número 160, o moleque se transformou no Homem-Borracha. O sucesso da aparição do herói fez com que revivessem o Borracha no mesmo ano com seu título próprio… só que a revista duraria apenas 2 anos e ele voltaria novamente para o limbo dos personagens esquecidos.

Em 79, eis que o Homem Borracha ganha seu próprio desenho animado com o nome de “The Plastic Man Comedy Show”. Aqui no Brasil, ele era chamado de “O Homem Elástico” (super-herói com nome de outro é dose!). Pra quem não lembra, a série tinha também o Bebê Elástico. Quem fazia a voz do Borracha por aqui era o saudoso Darci Pedrosa, dublador do Líder Optimus no filme dos Transformers (pode berrar, Fanboy). Só que, mais uma vez, o desenho durou apenas 1 temporada… e nosso homem some novamente.

Depois de várias aparições especiais em gibis de outros personagens e muitas idas e vindas, o escritor Grant Morrison estoura, em 97, com o título Liga da Justiça America (JLA), Embora usasse a formação mais clássica do time (Superman,Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, Flash, Lanterna Verde e Ajax), Morrison já tinha o intuito de dobrar o número de personagens, fazendo referência direta ao panteão dos deuses gregos.

Um ano depois, na edição americana de JLA #16 (aqui no Brasil saiu no número dezenove da extinta Melhores do Mundo), o autor aumenta a equipe com a entrada de Aço, Caçadora, Barda, Orion, Zauriel, Oráculo e HOMEM BORRACHA (MASTER!!!). Essa formação durou algum tempo, mas… depois da saga Terceira Guerra Mundial (World War III) o grupo voltou a ser formando pelo sete membros originais… mais o Borracha como personagem fixo (deixando a Liga com 8 super-heróis até hoje). Mesmo depois da troca de escritores (primeiro foi Morrison, depois Mark Waid e agora Joe Kelly), o sujeito continuou por ali, infernizando a vida de todo mundo. Acredito que o Borracha jamais sumirá novamente, já que ele é a cara da Liga.

Um fato interessante que ocorreu há anos atrás foi a exigência de alguns fãs do Homem Borracha para que a DC fizesse um especial de 60 anos do personagem, como ocorreu com Superman, Batman, Mulher Maravilha e Capitão Marvel, com textos de Paul Dini e arte de Alex Ross também. É óbvio que isso não aconteceu, mas não fiquem tristes. A dupla Dini e Ross preparou um prelúdio para o especial LJA – Liberdade e Justiça (JLA – Justice For All) chamado LJA – Origens Secretas (JLA -Secret Origins). O gibi já está nas bancas (conforme o review do El Cid) e mostra o começo de tudo na luta contra o crime desses grandes heróis. É claro que o Borracha não poderia faltar nessa (ueba!).

Não só não poderia… como também terá um título mensal que sai ainda esse ano nos Estados Unidos, sob o comando do cartunista Kyle Baker (ueba duas vezes!).

Ei! Tá rindo de quê? Só porque sou fã do Homem Borracha? Pior que isso, só sendo fã do Superman (Opa! Foi mal aê, Seu Elfo!)