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Artigo adicionado em 17/07/2003, às 01:26

Crítica: A VIAGEM DE CHIHIRO
Um espetáculo… Tudo começou com os Cavaleiros do Zodíaco. Tá legal, uma abnegada, porém restrita, comunidade de fãs já cultuava clássicos do gênero como O Fantasma da Máquina (Ghost in the Shell) e Akira. No entanto, foi com o advento dos protetores da deusa Atena que os animes – nome dado aos desenhos animados japoneses […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Tudo começou com os Cavaleiros do Zodíaco. Tá legal, uma abnegada, porém restrita, comunidade de fãs já cultuava clássicos do gênero como O Fantasma da Máquina (Ghost in the Shell) e Akira. No entanto, foi com o advento dos protetores da deusa Atena que os animes – nome dado aos desenhos animados japoneses – tornaram-se uma febre para uma nova leva de fanáticos no Brasil. E surgiram títulos e mais títulos nas telinhas, para todos os gostos: Pokémon, Dragon Ball Z, Samurai X, Beyblade, Inuyasha e até o polêmico Yu-Gi-Oh, que também faz a cabeça da molecada quando o assunto são card games. Com eles, os mangás (quadrinhos japoneses) também conquistaram as bancas, tirando o espaço dos anabolizados heróis americanos. Talvez graças a esta ‘onda oriental’ que domina os jovens brasileiros, a espera pela estréia de A Viagem de Chihiro nos cinemas do país no próximo dia 18 seja tão sedenta. Mas muito perigosa.

Obra do consagrado Hayao Miyazaki, “A Viagem de Chihiro” faturou uma série de prêmios internacionais – incluindo o Urso de Ouro em Berlim e o cobiçado Oscar de melhor animação, com concorrentes do porte de ‘A Era do Gelo’ e Planeta do Tesouro. No entanto, quem pensa que o filme é povoado por lutadores do bem e suas bolas de fogo em uma busca para erradicar mais um terrível vilão que quer destruir o planeta… está redondamente enganado. Troque toda a adrenalina e pancadaria por pura poesia. E você vai ter uma vaga idéia do que Miyazaki, um crítico voraz da atual safra de desenhos japoneses, está querendo dizer.

“A Viagem de Chihiro” vai completamente na contramão da ação desenfreada e sanguinolenta dos “Cavaleiros do Zodíaco”, por exemplo. Trata-se de um delicioso conto de fadas, uma fábula sobre uma garota chamada Chihiro. Magricela, desajeitada e muito mimada, Chihiro está odiando a idéia de mudar de casa e de escola, deixando os amigos para trás. Emburrada, ela fica a viagem inteira abraçada ao buquê de flores que ganhou da antiga turminha, como presente de despedida. Quando estão de carro a caminho da nova residência, eis que o pai de Chihiro acaba se perdendo. A única saída parece ser um estranho túnel, guardado por uma estátua assustadora. Ao atravessar a passagem, os três se deparam com uma espécie de parque de diversões abandonado. Atraído pelo cheiro, o pai faminto encontra um verdadeiro banquete ao ar livre, ao qual ele e a mulher não pensam duas vezes em devorar. A história toda começa a ficar estranha quando o casal se transforma em… porcos.

Aos poucos, a amedrontada Chihiro descobre que está num outro mundo, povoado por seres além da nossa compreensão. Para libertar os pais, Chihiro vai ter que mudar de nome e arrumar um trabalho para se provar útil – afinal de contas, os humanos não são bem-vindos nesta realidade. Então, ela se torna empregada da casa de banho para deuses da inescrupulosa bruxa Yubaba e acaba conhecendo o misterioso e fascinante garoto chamado Haku… que ela parece conhecer de algum lugar. Este é só um preâmbulo para uma história meiga e sensível sobre o aprendizado e o crescimento de uma garotinha, que finalmente entende conceitos como humildade e coragem.

O grande mérito está, sem sombra de dúvida, na excelência visual. Além da animação impecável, os cenários e personagens são, ao mesmo tempo, bizarros e fascinantes, lembrando muito uma viagem pelo mundo de ‘Alice no País das Maravilhas’, com boas doses da mitologia oriental. A narrativa de Miyazaki é totalmente onírica – o espectador definitivamente embarca junto com Chihiro em sua viagem, como num daqueles deliciosos sonhos infantis.

Mas engana-se quem acha que, apesar da simplicidade, a história de “A Viagem de Chihiro” subestima a inteligência de quem está do outro lado da telona. Muito pelo contrário: trata-se de uma animação indicada tanto para crianças… quanto para os pais que se esqueceram das delícias e viagens que a criatividade infantil nos permite. Para quem não conhece animação japonesa, trata-se da iniciação perfeita. E para quem já é iniciado… é o melhor caminho para entender que nem só de ‘caratecas’ e monstros babões é feita a arte dos animes.


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