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Elegante, sedutor, bem-humorado, astuto, inteligente, cheio de estilo… e especialista em salvar o mundo de terríveis líderes comunistas e letais ditadores orientais? Pois é: como diabos este tal James Bond, agente secreto da Coroa Britânica, ainda consegue manter-se intacto aos rigores do tempo sem sequer amassar o seu smoking ou mesmo derrubar o seu martini (mexido, mas não batido)? É a resposta para este enigma que o jornalista Eduardo Torelli tenta encontrar em seu mais novo livro, Sexo, Glamour e Balas (Editora Opera Graphica, 240 páginas). Velho conhecido dos cinéfilos pela impressionante análise da série de filmes Planeta dos Macacos em sua obra anterior, Torelli passou três anos afundado nos livros e nos filmes de Bond para tentar entender os mistérios do mito que já dura cinquenta anos.
A discussão do autor vai muito além das explosões, tiroteiros e espetaculares perseguições de carro: Torelli analisa uma série de eventos políticos e sociais (do nazismo à revolução cubana) que permeiam as aventuras de 007 e traçam a sua relação com a moda, as mulheres e a música, entre outros aspectos. Descobri que era possível identificar nitidamente os principais eventos políticos ocorridos entre 1953 e 2003 por meio da leitura dos livros ou a apreciação dos filmes, revela o jornalista. “Aos poucos, o anticomunismo tacanho do herói passou a ser substituído por uma postura mais liberal, resultante da distenção, da Perestroika e da queda do Muro de Berlim, embora as características essenciais de Bond tenham sido mantidas.
Surgido nos livros do autor inglês Ian Fleming (1908-1964) por volta de 1953, o agente secreto era uma espécie de versão ‘ampliada’ do próprio Fleming, que retratava no herói seus desejos e anseios. A criação de Bond coincidiu imediatamente com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da supremacia americana, que começava a estabelecer uma nova ordem mundial, deixando o outrora poderoso império britânico de lado. Embora ficcional, a participação do mais letal agente de Sua Majestade em uma série de incidentes internacionais acabavam tornando-se uma compensação para o ego dos leitores ingleses. É claro que a popularidade do sujeito cresceu quando um tal Sean Connery assumiu a pele (e o charme) de Bond em sua transposição para as telonas em 1964, no clássico ‘007 e o Satânico Dr.No’. Desde então, foi só sucesso: depois de ‘007 – Um Novo Dia para Morrer’ (vigésimo filme da série), o ator Pierce Brosnan (atual intérprete de Bond) já assinou contrato para mais duas películas. É mole?
Além da análise do lendário personagem, ‘Sexo, Glamour e Balas’ traz ainda os perfis dos atores que já viveram o agente secreto nos cinemas (Connery, Brosnan e ainda George Lazenby, Roger Moore e Timothy Dalton) e um check-list de todos os livros, filmes e trilhas sonoras já lançados no Brasil. Simplesmente imperdível, eu garanto. Ou meu nome não é mais Cid… El Cid.
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