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Artigo adicionado em 11/03/2003, às 08:15

UM MUNDO DE FANTASIA COM GOSTINHO BRASILEIRO…
A ARCA entrevistou Helena Gomes, autora da saga ‘A Caverna de Cristais’ Imagine Britanya, um mundo medieval que mistura cavaleiros, bárbaros, magos, ladrões, aventureiros e toda a sorte de criaturas que poderiam ter saído das mitologias celta, germânica ou afins. Pense num arqueiro chamado Thomas, criado por uma trupe maltrapilha de artistas e repudiado por […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Imagine Britanya, um mundo medieval que mistura cavaleiros, bárbaros, magos, ladrões, aventureiros e toda a sorte de criaturas que poderiam ter saído das mitologias celta, germânica ou afins. Pense num arqueiro chamado Thomas, criado por uma trupe maltrapilha de artistas e repudiado por ter poderes diferentes, como o dom da premonição. Então descubra que, na verdade, ele é o herdeiro de uma terrível profecia que envolve outros mundos além de Britanya e uma raça de cruéis inimigos chamados nergals. O que vem a sua cabeça imediatamente? Tolkien, talvez? Não seja preconceituoso, meu caro! Por que não pensar em… Helena Gomes? É isso mesmo: a trama apresentada acima é só uma parte da saga A Caverna dos Cristais, cuja primeira parte, O Arqueiro e a Feiticeira, está sendo lançada pela Devir aqui no Brasil. A ARCA conversou com esta simpática jornalista lá de Santos/SP, terra natal e QG do Fanboy e deste que vos escreve. Mas como somos todos muito ocupados, o papo rolou por e-mail mesmo… 🙂

A ARCA: Apresente a trama para os leitores interessados: do que se trata, onde se passa, quem são os personagens principais…
Helena Gomes: É uma aventura que cresceu mais do que eu esperava. A idéia nasceu há uns 15 anos, depois que assisti ao filme ‘O Feitiço de Áquila’ no cinema (faz um tempão!). Desde criança, eu sempre imaginei histórias que existiam apenas na minha cabeça. Claro que adorei aquele filme e claro que inventei minha própria história a partir dele, como já fiz centenas de vezes com outras histórias sem nunca passar nada para o papel… Na época, comecei a contar a aventura num roteiro de HQ, mas não ficou legal. Só virou livro mesmo em 2001, depois que me preparei e me senti pronta para, finalmente, estruturar todo o trabalho. ‘O Arqueiro e a Feiticeira’ mistura elementos como magia, ação, romance, drama e humor, presentes em praticamente todas as histórias de ficção (filmes, séries, HQs, mangás), tudo trabalhado numa receita só minha. 🙂

A história se passa num reino medieval e é centrada no arqueiro Thomas, um rapaz criado por uma trupe maltrapilha de artistas. Naquele mundo onde o povo é mantido na ignorância pelos nobres britons, ele é considerado alguém estranho e até repudiado por ter poderes diferentes, como o dom da premonição. Na verdade, ele é o Herdeiro de uma terrível profecia que envolve outros mundos além de Britanya e inimigos cruéis, os nergals. Há outros personagens de que gosto bastante, como o vilão Hugues De Angelis (o representante nergal no mundo briton) e a nobre Erin De Durham, uma garota que não se conforma com o papel submisso da mulher naquela sociedade machista e patriarcal.

A ARCA:’O Arqueiro e a Feiticeira’ seria o primeiro livro da série ‘A Caverna de Cristais’, correto? Quantas livros esta saga terá? Eles já têm título e data de lançamento programadas?
HG: Como já deu para perceber, a aventura do Thomas cresceu mais do que pude prever… :)))) No livro 2, explorei situações que não pude explorar no volume anterior, ampliando o universo da Caverna. É quando o Thomas parte de Britanya para desvendar por completo seu destino, em busca de aliados para lutar contra os nergals. No livro 3, apresento dois novos inimigos, que se aliam a um antigo. No 4, soluciono o desafio. Já o 5, que ainda estou escrevendo, pode ser chamado de livro zero. Ele conta a história da criação de Britanya, 800 anos antes do Thomas. Os títulos são, pela ordem: Aliança dos Povos, O Despertar do Dragão, A Tríade Maligna e Destruidores de Planetas. Sua publicação vai depender apenas da trajetória do livro 1.

A ARCA: Depois de escrita a obra, como você chegou ao pessoal da Devir para que eles publicassem o livro?
HG: Um amigo meu, o desenhista Alexandre Bar, foi participar de um evento de RPG em São Paulo (acho que foi o Encontro Internacional) e se ofereceu para entregar o material para a Devir. Ele sabia que, na época, eu estava procurando espaço para publicação. O Bar entregou direto para o Douglas (Quintas Reis), da Devir, que vive recebendo uma montanha de novos projetos que ele coloca sobre uma interminável pilha. Um dia, o Douglas pegou um texto qualquer da tal pilha para ir lendo durante uma viagem. Adivinha qual a sorte colocou nas mãos dele? É, foi pura sorte. Pouco depois, recebi um telefonema do Douglas, me convidando para publicar o material pela editora. O mais legal é que ele nem tinha terminado ainda de ler o livro!

A ARCA: Além de ‘O Senhor dos Anéis’, que influências são primordiais no seu trabalho? Podem ser não só livros, mas também filmes, programas de TV…
HG: Você vai me achar meio maluca, mas minha cabeça funciona assim mesmo. ‘A Caverna de Cristais’ tem elementos de produções muito variadas, que vão de mangás a filmes. Há influências de ‘Dragon Ball’, ‘Babylon 5’, ‘O Nome da Rosa’, ‘Harry Potter’, ‘Guerra nas Estrelas’, ‘Jornada nas Estrelas’ e muito mais que, às vezes, nem eu identifico. Meu trabalho traz muito também do que sou, do que penso, do que acredito, assim como meus personagens. Estes têm características de pessoas reais. Erram, acertam, têm dúvidas e incertezas, mas também bastante coragem, como muita gente que todos nós conhecemos. Só não dá para esquecer que são “seres reais” adaptados a situações de ficção que nunca existiriam de verdade.

A ARCA: Por falar em ‘Senhor dos Anéis’: o que você achou do filme baseado na saga?
HG: Gostei muito do primeiro. Conseguiram facilitar bem a informação da origem do anel, o que, no livro, é mais diluído. O visual também é fantástico, assim como a caracterização dos personagens. Já o segundo filme manteve a mesma qualidade, acrescentando boas cenas de batalha e novos locais fascinantes. Só que tem umas derrapadas feias, não? Aquele lance do Faramir malvado não cola! Pior é uma das seqüências finais, quando o Frodo confronta uma das criaturas aladas. Imagine chegar tão perto do portador do anel e acabar fugindo por causa de um punhadinho de flechas… Agora, terrível mesmo foi a história da pólvora. Se o Saruman domina uma tecnologia tão poderosa e conta com seres alados à sua disposição, pra que tanto trabalho para explodir um trechinho da muralha, com direito até a corrida olímpica? Bastava bombardear a fortaleza através de um eficaz ataque aéreo e pronto! Filme com apenas uma hora de duração, com a vitória decisiva dos vilões e quase nenhum mocinho sobrevivente para o terceiro filme!

A ARCA: Não são raros os críticos que atacam sem dó os autores brasileiros que tentam enveredar pelos mundos de fantasia, acusando-os de fugir da realidade de um país que nada tem a ver com a herança de Tolkien e cia. O que você acha disso?
HG: Acho que há espaço para todo mundo, até porque existem leitores de todos os gostos. É possível discutir a natureza humana num livro de Fantasia, entre cenas de pura ação e sem discursos chatos! No ‘Arqueiro’, por exemplo, há uma elite que mantém o povo na miséria e na ignorância apenas para ganhar poder. Thomas é o idealista que quer mudar isso, até porque ele vivencia na pele o que é estar do lado da maioria miserável. Fala-se de desigualdades sociais, de esperança, de abandono, de união para se lutar contra injustiças. Thomas sonha com um mundo melhor, como todos nós. A denúncia e a mensagem social estão aí, nas entrelinhas, embaladas com a estrutura, o formato e os conceitos de uma obra de ficção. Acredito que você pode conscientizar o leitor para a realidade do país e, principalmente, do ser humano como um todo, até mesmo através de um delicioso livro infantil, cheio de ilustrações coloridas e muita imaginação.

Sobre a herança de Tolkien, eu diria que, na verdade, ela não vem de Tolkien, mas sim de fontes bem mais antigas. Tolkien se inspirou em elementos da mitologia de povos antigos, que também influenciaram todas as civilizações que vieram depois. É complicado afirmar que não tivemos nenhuma relação com estas culturas. Descendemos delas! E isto com todas as misturas que recebemos, como brasileiros, de outras civilizações, como a indígena e a africana. Se você investigar profundamente, verá que a Mitologia encontra coincidências em várias culturas, da asiática à muçulmana. Por quê? Temos um passado histórico e cultural em comum, inclusive geneticamente falando. Qual é mesmo a teoria? Toda a humanidade descende de apenas não sei quantos homens e sei lá quantas mulheres? No fundo, os seres humanos são tão diferentes entre si?Fazer uma afirmação de que não temos qualquer relação com “a herança de Tolkien e cia.” é ter uma visão muito limitada da nossa própria história enquanto humanidade.

A ARCA: Qual seria a música ideal para ouvir enquanto estamos lendo ‘O Arqueiro e a Feiticeira’?
HG: Acho que o Angra faz músicas lindas, que captariam bem o universo da Caverna, entre moderno e antigo. Tenho um personagem que, no livro dois, escreve duas canções. Na época, pensei que, se virassem música de verdade, seriam a cara das canções românticas do Jota Quest. Quanto ao meu gosto pessoal, curto bastante U2, Legião Urbana, Nirvana e Guns. Geralmente escrevo ouvindo este pessoal, sem dispensar os fones de ouvido para me desligar do ambiente barulhento da minha casa com duas crianças…

A ARCA: Você já jogou RPG? O que acharia de ver a sua obra transformada em jogo – só pela sinopse do livro já dá para ter excelentes idéias para uma sessão! 🙂
HG: Puxa, legal saber disso. Infelizmente, nunca joguei RPG. Já sei… estou perdendo, né? Sem dúvida. Você conhece o Silvio Compagnoni, da Devir? Ele está desenvolvendo uma pré-aventura do livro para RPG, em parceria com o pessoal da Dragão (Brasil, revista de RPG). Ainda não tenho detalhes, mas acho que traria a Sacerdotisa Hannah como personagem principal.

A ARCA: Você já está tendo algum retorno de como foi a receptividade dos fãs de fantasia ao seu trabalho?
HG: Antes da publicação, mostrei o material para amigos próximos, sabe, com aquela insegurança típica de quem mostra um projeto muito pessoal. Foram eles que me incentivaram a correr atrás de uma editora, que me deram o maior apoio. E se tornaram grandes fãs, daqueles que brigam por mais espaço para seus personagens favoritos, gente capaz de, numa reunião, discutir o livro em detalhes, imaginar cenas extras… Isto é muito gratificante para mim. Agora, com a publicação do livro, tenho um retorno maior. Uma amiga me ligou outro dia, dizendo que não conseguia parar de ler o livro! A Sophia, uma grande amiga de 7 anos, leu tudo e adorou, mesmo sabendo que a leitura não é para a faixa etária dela. Meu filho Matheus, de 10, leu a aventura em uma semana, parando toda hora para desenhar os cards com os personagens. A avó do nosso amigo Gustavo (Klein, jornalista do jornal ‘A Tribuna’ de Santos) devorou o livro também em uma semana e já está lendo o 2, no meu rascunho. Sei que não posso fazer uma análise imparcial deste retorno, pois ele vem de pessoas muito próximas. Estou curiosa para descobrir a opinião de alguém que não me conhece, principalmente dos fãs de Fantasia. Com certeza, será mais objetiva.

A ARCA: Vamos pensar mais longe: eu sou um produtor de Hollywood e quero transformar seu livro num filme! Que diretor e que atores você escolheria para os papéis principais desta mega-produção?
HG: Uau, que viagem! Tem uma amiga minha que adora fazer este tipo de brincadeira. É dela boa parte destas sugestões (e eu peço para você completar alguns dados para mim. Às vezes, sou péssima para guardar alguns nomes). Hum… qual é nosso orçamento? Acho que ele vai todo para o casting :)))). Para a direção, a mesma equipe de ‘Matrix’, com suas boas idéias e muita criatividade. Britanya, apesar da influência medieval, pode contar com um visual estilizado. Uma das minhas referências é aquele filme antigo, ‘Excalibur’. Quanto aos atores… Thomas, Erin e Vince, que aparecem crianças e, depois, adolescentes, poderiam ganhar a cara de atores novos, desconhecidos e talentosos. Jeremy Irons, que adoro, ficaria perfeito como o arcebispo Hugues De Angelis. Ele tem uma voz envolvente, como o personagem, e é um grande ator para dar vida a um vilão cruel que também tem um lado humano. Jean Reno seria o rei Arnon e Bruce Willis, o bonachão e corajoso cavaleiro Mark De Durham. Qual é o nome daquele ator que faz o Odo em ‘Deep Space Nine’? Ele seria um ótimo Mestre Dines, um monge cheio de mistérios e peça-chave na trama. Já a Sacerdotisa Hannah… Para mim, ela sempre será a Michelle Pfeiffer. O problema é que ela já não é tão jovem quanto na época de ‘O Feitiço de Áquila’… Ainda bem que em Hollywood (e na nossa imaginação!) tudo é possível!

A ARCA: Só para completar: um breve resumo sobre você – a autora! 🙂 Apresente a Helena Gomes para o público: o que você já fez, com o que trabalha atualmente…
HG: Sou jornalista desde 1988. Trabalhei 11 anos no jornal ‘A Tribuna’ em funções como diagramadora, repórter e editora do suplemento infantil ‘A Tribuninha’. Hoje sou professora do curso de Jornalismo do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e trabalho para a Z Consultoria, uma empresa que presta assessoria de imprensa. Em 97, co-escrevi o livro de não-ficção ‘Memórias da Hotelaria Santista’, um trabalho de resgate histórico da minha cidade, Santos.

:: Leia AGORA o primeiro capítulo de ‘O Arqueiro e a Feiticeira’


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