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Artigo adicionado em 11/03/2003, às 10:10

O ARQUEIRO E A FEITICEIRA: Leia o primeiro capítulo!
Esta aventura promete… 🙂 Parte I: A Quarta Era PRÓLOGO A Cordilheira Azul Tolkien entrou na caverna. Seus olhos demoraram alguns segundos para perceber o brilho tênue da lua, refletindo-se nos inúmeros cristais espalhados por todo o local. O rapaz se abaixou e, passando pelas pedras, escolheu um canto para se ocultar. Puxou o capuz […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Parte I: A Quarta Era

PRÓLOGO

A Cordilheira Azul

Tolkien entrou na caverna. Seus olhos demoraram alguns segundos para perceber o brilho tênue da lua, refletindo-se nos inúmeros cristais espalhados por todo o local. O rapaz se abaixou e, passando pelas pedras, escolheu um canto para se ocultar. Puxou o capuz para cobrir o rosto, enquanto se encolhia para escutar os barulhos da noite. Ficou de vigília por várias horas. Só os cristais denunciavam o caminho que a lua seguia no céu escuro. Tolkien podia ver os reflexos múltiplos, dançando nas faces esculpidas das pedras. Sentiu os olhos pesados. Há quantos dias não dormia? O corpo estava dolorido, tenso, consumido pela preocupação.

Lá fora, o ar ficou ainda mais frio. Faltava pouco para a aurora. “Onde ela está?, pensou o rapaz, começando a deixar o bom senso de lado. “Ela disse para ter calma, para esperar”, disse uma voz no fundo de sua mente. Passara por tantos treinamentos, estudos, testes, mas nada o preparara para aquela situação. Seus mestres foram mortos, covardemente assassinados. Seus companheiros estavam sendo perseguidos, não tinha mais nenhuma notícia deles. “Estão mortos”. Havia dor em seu peito, preste a sufocá-lo. O rapaz sentia, mais do que sabia, que era o último dos Guardiões. E, por mais que o orgulho o impedisse de acreditar, ele sabia: era inexperiente, apenas um garoto idealista perdido nas próprias ambições. Ela também era a última e também tão jovem quanto ele. Possuía, no entanto, a experiência que lhe faltava. E muito mais conhecimento, o conhecimento dos Antigos.

– Devia controlar melhor seu sono, Guardião.

O rapaz deu um pulo. Ao seu lado, Hannah o observava. Seus belos olhos azuis o consumiam, uma chama que lhe devorava o espírito. Ele piscou para afastar o medo. A jovem sorriu.

– Se eu fosse um dos homens do Novo Conselho, você nem perceberia sua própria morte!

Tolkien sentiu as bochechas vermelhas. Ficou ereto, tentando encarar aqueles olhos. Eles transmitiam paz, apesar do rosto refletir uma imensa tristeza.

– Todos os nossos estão mortos, Tolkien, todos…
– Eu sei.
– O destino dos Guardiões está agora em suas mãos – prosseguiu ela lentamente, como se medisse cada palavra. – Você deve partir e, em segredo, treinar novos membros. O Novo Conselho ainda tem muitos opositores. Não é tempo de oposição aberta, mas de preparação.

O rapaz estremeceu. As dúvidas enchiam seus pensamentos. Fora da caverna de cristais, a lua se escondia atrás da Cordilheira Azul. Ele olhou novamente para a jovem. Seu capuz negro, a cor da Casta, procurava ocultar os cabelos dourados, que lhe caíam sobre os ombros. Tolkien nunca vira uma mulher tão bela e, ao mesmo tempo, tão fascinante. Era impossível para ele não adorá-la. Poucas vezes a tinha visto, mas o sentimento que lhe causara o perseguira em sonhos impossíveis. Então, a Sacerdotisa o tocou. O rapaz sentiu o calor da mão dela sobre o ombro. Fixou seus olhos nos dela, buscando respostas. – Não sou capaz de realizar o que me pede¿, sua mente sussurrou. – Não tenho a experiência dos meus mestres. Está tudo perdido.

Um calor começou suavemente em seu ombro, espalhando-se lentamente pelo corpo. Ele provocava um bem-estar que não sentia há muito, desde os tempos em que a ameaça do Novo Conselho não passava de uma idéia desacreditada. Então, seu coração se fortaleceu. Por amor, o rapaz faria tudo o que Hannah lhe pedisse. Daria sua vida, se isto fosse desejo dela. Mas a jovem não pedia morte: pedia esperança.

– Devo partir agora, Guardião. Minha missão deve continuar em outro mundo.

Hannah desviou os olhos e observou a claridade que o sol lentamente trazia. Os cristais intensificaram seu brilho. Múltiplas facetas agora refletiam a luz da nova manhã, cada vez com mais intensidade. Mas Tolkien não percebia estes detalhes. Não conseguia deixar de ver a jovem, e apenas ela, rodeada pela luz intensa. Hannah voltou-se para ele. Os braços cruzados pareciam buscar proteção contra uma ameaça invisível. Tolkien lutou contra a vontade de abraçá-la.

– As perenthis devem permanecer em um lugar seguro, longe da cobiça dos nossos perseguidores – murmurou, mais para si do que para o rapaz. – Devemos preparar tudo para a Profecia se completar. Ela já começou, apesar da descrença de muitos. Os Antigos nos avisaram, porém poucos lhes deram atenção…

– Para onde irá, senhora?

A jovem o fitou, como se o percebesse pela primeira vez ali, ao seu lado.

– Não deveria compartilhar com você os segredos dos nossos Sacerdotes – continuou ela, séria. – Mas não há ninguém em que possa confiar nestes tempos sombrios. Sou a última sobrevivente da minha Casta. E você é a única esperança do nosso povo e de muitos outros que ainda não despertaram para a Grande Guerra que se aproxima.

O rapaz estremeceu novamente. O olhar de Hannah voltou a ter o brilho perigoso que parecia devorá-lo.

– Conhece o conteúdo da Profecia, não? – perguntou a jovem.
– Sei as palavras, mas…
– Ela fala no Herdeiro, o único que pode controlar o poder das perenthis, o único capaz de desafiar o poder do Mal. Pois eu sonhei com Ele e sei onde encontrá-lo.

Tolkien respirou fundo, fazendo barulho. Nunca tivera acesso ao conhecimento dos Sacerdotes e muito menos à sabedoria dos Antigos. Quando entrara para o restrito grupo dos Guardiões, desejava explorar mundos distantes e viver aventuras que pareciam grandes demais para um simples garoto do interior. Sabia que os Guardiões trabalhavam para os Sacerdotes e vira esta gente estranha em várias ocasiões. Nunca, nem em seus sonhos mais malucos de ajudar o mundo, pudera imaginar que antigas histórias de ninar pudessem ser reais. Ele teria dado uma boa gargalhada se a simples presença da Sacerdotisa não o intimidasse. Além disso, ela parecia ler todos os seus pensamentos e sorria.

– Estude as palavras antigas. Elas dizem a verdade.
– Mas…

O rapaz parou. Uma certeza o invadiu. -Se a Profecia está certa, então…-. Seu medo cresceu. Não era mais uma questão política, um golpe do Novo Conselho para ganhar poder e sacrificar a liberdade do povo. A questão ganhava dimensões aterrorizantes. A responsabilidade pesou como chumbo sobre os ombros de Tolkien.

– Entende agora, Guardião? – disse Hannah, com sua voz suave. – Devo partir imediatamente. Não lhe direi mais nada. Você já tem muito trabalho pela frente. Faça os Guardiões renascerem, com força suficiente para lutar contra o Mal que se aproxima. Confie apenas em Palius. Eu buscarei o Herdeiro.
– Adeus, Senhora – murmurou Tolkien, ousando pegar-lhe a mão para beijá-la.

Seu coração lhe dizia que nunca mais veria a bela Sacerdotisa. Tons cinzentos lá fora ocultavam o brilho solar. Uma chuva despencaria em minutos. Tolkien se encolheu sob a capa. Ela desaparecera.

Muitos anos depois, a jovem apareceu em um sonho. Estava mais velha e parecia esgotada. A dor marcava seus belos traços. -Cometi um erro, Tolkien. Se Ele o procurar, mate-o!


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