Apesar de ter passado, há algum tempo atrás, por uma das fases meio duvidosas de sua carreira como herói de gibi, as revistas do Demolidor nunca deixaram de ter grandes artistas e argumentistas em suas fileiras. Agora vou dar uma geral pelos nomes que já tiveram algum tipo de destaque na passagem pelo Homem sem Medo.

Depois do lendário Wally Wood, que trocou o uniforme amarelo e vermelho pelo já clássico inteiramente escarlate (entenda esta história clicando aqui), o título teve uma alta rotatividade de desenhistas, o que deu abertura pra grandes artistas experimentarem trabalhar com o herói, como o Rei Jack Kirby e John Romita Sr. Até que Gene Colan (na época famoso por seu trabalho em histórias de terror) se firmou como desenhista regular, enquanto Stan Lee às vezes era substituído por Bob Powell nos roteiros.

Na edição 54, Stan Lee deixou o título e foi substituído por vários argumentistas saídos dos títulos do Aranha, entre eles Roy Thomas e Gerry Conway. Até que finalmente Steve Gerber se firmaria como o roteirista oficial, com algum apoio providencial de Jim Starlin (Guerra Infinita).

Mas a grande fase estava só começando: mais tarde, o mestre Frank Miller entraria em ação, mas apenas como desenhista, ao lado de grandes roteristas como Marv Wolfman (Crise nas Infinitas Terras) e Roger McKenzie (Hulk). Não demoraria, no entanto, para que o narigudo tivesse a sua chance como argumentista. E então vieram sagas fantásticas como o surgimento de Elektra e até sua morte pelas mãos do Mercenário. Miller foi um dos recordistas de permanência no título, no qual ele dividia a arte com Barry Windsor Smith (Arma X) e Klaus Janson (Cavaleiro das Trevas).

Mas o grande parceiro de Miller foi, sem dúvida, o excepcional David Mazzuchelli (que trabalharia com ele em Batman: Ano Um). Com esta dupla, o Demolidor foi ao auge das críticas com a excelente saga Queda de Murdock.

Depois de Miller deixar o gibi no qual ficou tanto tempo, foi a vez da não menos talentosa Ann Nocenti mostrar seu trabalho, trazendo também grandes historias como a estréia de Mary Typhoid, blecaute em Nova York e o confronto com o Coração Negro e Mefisto. E ela contou com ninguém menos que John Romita Jr. na arte. O cara também ficou um longo tempo trabalhando com Murdock e se tornou um dos melhores desenhistas do Demolidor. Às vezes, ele era substituído por Rick Leonardi (que teve seu trabalho tão bem reconhecido que recebeu Homem Aranha 2099 para desenhar).

Mas tudo que é bom, sempre acaba: com a saída de Ann Nocenti, que até se saturou nas últimas histórias, não houve grandes empolgações no titulo do Vermelhão, principalmente na saga Fall from Grace, na qual Murdock é dado como morto e o Demolidor aparece com um novo uniforme todo baitola… O único lado bom desta saga é que ela revelou o jovem artista Scott McDaniel (Batman) para o grande público…

As fases seguintes foram indo de mal a pior, a cotação de vendas ia se deteriorando… Nem a presença de grandes artistas como McDaniel, Ron Garney (Uncanny X-Men), JM de Matteis (Homem-Aranha) e a volta de Gene Colan conseguiram dar grandes efeitos…

Mas tudo mudou com a aparição de um certo Joe Quesada (atual editor chefe da Marvel, para os mal-informados) e seu parceiro Jimmy Palmiotti. Ambos, sócios da Event Comics, apresentaram uma idéia chamada Marvel Knights, que seria um selo mais adulto com os principais heróis urbanos da Casa das Idéias. Projeto aceito, o Demolidor entrou nesta jogada e o título foi zerado. Foi então que o genial Kevin Smith (Arqueiro Verde) tomou as rédeas com o próprio Quesada na arte do maravilhoso arco de histórias Diabo da Guarda. O título alcançou os céus nas vendas e colocou o herói de volta ao patamar que bem merece.

Mesmo com saída da dupla Smith/Quesada, o título continuou a receber grandes artistas como David Mack (Kabuki), Bob Gale (Batman), David Ross e ultimamente Brian Michael Bendis (Ultimate Spider-Man) e o desenhista Alex Mallev. Entre os fãs, existe o consenso geral que esta fase atual é uma das mais gloriosas que o Homem Sem Medo já viveu. Nós torcemos para que isso dure, acredite…

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