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Artigo adicionado em 21/03/2003, às 02:47

Crítica: O PIANISTA
Polanski volta com a história real de um sobrevivente do holocausto Quantos filmes existem por aí que falam sobre a 2ª Guerra Mundial? Mais exatamente, quantos citam a perseguição terrorista contra os judeus, os anos em campos de concentração desumanos e dos ataques às cidades e vilarejos desprotegidos? E, desses filmes, quantos mostram os obstáculos […]

Por
Paulo "Fanboy" Martini


Quantos filmes existem por aí que falam sobre a 2ª Guerra Mundial? Mais exatamente, quantos citam a perseguição terrorista contra os judeus, os anos em campos de concentração desumanos e dos ataques às cidades e vilarejos desprotegidos? E, desses filmes, quantos mostram os obstáculos na vida de um ser humano – lidar com a morte, com a fome, com o desaparecimento ou até mesmo o assassinato frio de entes queridos – e como cada personagem conseguiu sobreviver a tudo isso?

Sim, há muitos. Mas há algo mais em O Pianista, filme do diretor Roman Polanski que vêm sendo muito comentado pelos festivais que passou – ganhando diversos prêmios em vários deles, entre eles a Palma de Ouro em Cannes – e que também está concorrendo ao prêmio de Melhor Filme do Oscar que acontece esse fim de semana, nos EUA.

“Algo mais? Como assim, tio Fanboy”? Eu explico. Como em outros filmes sobre o assunto (um bolinho estragado que ainda está entalado na garganta da História para muitos judeus e poloneses), há cenas de destruição, cenas de mortes violentas e sem sentido por parte do exército alemão, cenas de desespero, sofrimento e luta. Há o personagem principal (nesse caso, o pianista Wladek Szpilman, interpretado por Adrien Brody, que tenta lutar da maneira que pode contra a separação forçada da sua família, a ameaça constante de morte, a fome e todas as outras formas de infortúnios durante o período conturbado na Polônia entre 1939 e 1945.

Nas quase três horas de filme, além da bela fotografia, das competentes atuações (Brody, principalmente), destaco três pontos que fazem deste filme uma experiência memorável:

– Música: bom, nem precisa dizer o quanto a trilha sonora é importante no filme. A maioria pode até achar que ela é quase inexistente – já que são praticamente três horas de filme e, às vezes, por razões óbvias, não há espaço para música enquanto bombas e disparos são ouvidos – há apenas momentos específicos onde sonatas e suítes, de Bach a Beethoven, são ouvidas. E são justamente os momentos mais importantes do filme. Ouvir belíssimas músicas clássicas em piano, meu instrumento musical favorito (porquê raios eu fui parar com minhas aulas quando era criança?), é de arrepiar.

– Sem Maniqueísmos: sem dúvida, o grande diferencial do filme. Claro, estamos cansados de saber a desgraça que os alemães causaram, mas transformá-los em vilões pelo puro e simples fato da necessidade de se haver algo ruim não é certo e nem tão simples. Não há a elevação dos alemães ao cargo de “dominadores do mundo”, por mais que seja a conclusão que muitos tirarão ao ver essa película: notem, o foco é a sobrevivência de Brody. Misturando um pouco a história real de Wladek Szpilman, com alguns toques autobiográficos do próprio diretor, que sofreu na pele as agruras da guerra, você poderia substituir os alemães por americanos, ou por ingleses, que a situação seria a mesma. O Pianista, ao meu entender, é uma história sobre a sobrevivência, sobre o que nos torna humanos, e não a velha luta do bem contra o mal.

– Filme que o Bush deveria assistir: do jeito que esse maluco na Casa Branca está se achando o dono do mundo, seria bom ele dar uma olhada nesse filme e ver um pouquinho do terror que ele está causando e nem está vendo ou sentindo de perto. E eu não poderia perder a chance de alfinetar.

Mas o filme não carrega apenas isto consigo. Traz à tona, também, alguns fantasmas do passado de Polanski. O filme, que está concorrendo também ao prêmio de Melhor Diretor, provavelmente não terá a presença do diretor, já que Polanski pode ser preso se pisar em solo americano. Explico: o diretor andou fazendo besteiras por aí e se deu mal ao tentar abusar sexualmente de uma jovem de 13 anos (na casa de Jack Nicholson, enquanto este estava fora). Ele foi processado em 1977 e, antes mesmo da setença sair, ele fugiu para Paris. Pois é, o diretor é um fugitivo da justiça americana.

Mas isso não interfere em nada no filme. Sem dúvida O Pianista é um filme forte, e vale a pena ser visto. Mas prepare-se para sair um tanto quanto deprimido do cinema. Ah, e para aqueles que curtem música, não saiam quando as letras finais começarem a subir. Continuem sentados e curtam um solo de piano espetacular.


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