A nova série do canal Warner, Everwood, conta a história do Dr. Andrew Brown (interpretado por Treat Williams, de ‘Viagem ao Centro da Terra’, ‘Inimigo Íntimo’ e ‘O Fantasma’), um dos neurocirurgiões mais respeitados e conceituados dos EUA, um médico tão bom que é capaz de realizar operações que outros cirurgiões consideram impossíveis. Porém, o sucesso tem seu preço, e no caso do Dr. Brown, é o pouco tempo que ele tem para se dedicar à sua família, em especial seus dois filhos: Ephram (Gregory Smith, um dos filhos de Mel Gibson em ‘O Patriota’), um pianista talentoso e fã de mangá, e Delia (a ótima Vivien Cardone, que estreou em ‘Uma Mente Brilhante’).

No entanto, o destino mudaria radicalmente a vida do bom doutor, quando sua esposa Julia morre em um acidente de carro. Arrasado e sem saber que rumo dar a sua vida, ele se lembra de uma conversa que teve com a esposa meses antes do acidente: que se algo lhe acontecesse, ele se mudaria para a cidade de Everwood, no interior do estado do Colorado, que ela visitara na infância em uma viagem com os pais. Uma cidade que, segundo ela, parecia existir em um conto de fadas, de tão bonita e perfeita.

Então o Dr. Brown decide recomeçar do zero, mudando-se com os filhos para a cidade que dá nome a série. A mudança não é apenas de local, mas também de estilo de vida. Com dinheiro suficiente para nunca precisar mais trabalhar na vida, Andy abre uma clínica médica gratuita na cidade, o que lhe causa a princípio uma certa rivalidade com o Dr. Harold Abbot (vivido por Tom Amandes, da série ‘Da Terra à Lua’), até então o único médico de Everwood. Harold não entende o motivo que leva alguém tão bem sucedido a se mudar para o fim do mundo nas montanhas – dúvida também compartilhada por seus dois filhos.

Andy vê a mudança como uma oportunidade para se aproximar dos filhos, a quem pouco deu atenção nos últimos anos. Ele logo se aproxima da filha, porém Ephram prova ser um pouco mais difícil, pois nenhum dos dois está acostumado a uma convivência tão próxima. Além disso, o garoto tem um gênio difícil, e pela idade, é o que está tendo mais dificuldades em se adaptar ao novo estilo de vida.

O rapaz logo se apaixona por Amy Abbot (Emily Van Camp), uma das garotas mais bonitas da escola e que, por ironia, é filha do “rival” de seu pai. Para complicar mais as coisas, seu namorado Colin (Mike Erwin) está em coma em um hospital de Denver há vários meses, e ela inicialmente se aproxima de Ephram apenas por ver em seu pai a esperança da recuperação de seu namorado.

Embora a princípio a trama central dê um certo ar novela das oito, ou mesmo de pieguice, Everwood passa longe disso. Os episódios têm histórias muito bem desenvolvidas, que jamais caem no lugar-comum ou no dramalhão descabido, graças ao talento de Greg Berlanti, criador e principal escritor da série, que consegue misturar drama, situações de humor e momentos emocionantes, sempre com muita classe.

E o que é mais importante: todos os personagens e situações são críveis e realistas. Uma pessoa como o Dr. Brown poderia ser tranqüilamente seu vizinho, e mesmo Delia é uma garota esperta como toda menina de dez anos, porém não caricaturalmente inteligente, como vemos em muitas séries do gênero.

Outro destaque da série é a trilha sonora, a cargo do compositor Blake Neely, responsável pela orquestração de filmes como ‘O Gigante de Ferro’, ‘Blade 2’, ‘Gostosa Loucura’ e ‘K-19’, e que conseguiu misturar gêneros como country, pop e música sinfônica, criando uma trilha muito bonita e expressiva, totalmente em sintonia com a série.

Essa é uma das melhores séries do gênero a ser exibida na telinha nos últimos tempos. Se você ainda não viu, não perca mais tempo e sintonize na Warner às quintas-feiras, sempre às 22:00 horas. E para os trekkers, uma curiosidade: o ator Robert Duncan McNeill – o Tom Paris, de ‘Voyager’ – dirigiu alguns episódios de Everwood.