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Os fãs mais antigos do adorado personagem aracnídeo (leia-se: aqueles que já eram viciados em suas aventuras muitos anos antes da afamada adaptação cinematográfica… e da Saga do Clone) nunca passaram por um período tão complicado em sua carreira de devoção ao Cabeça-de-Teia. Tudo bem, os roteiros do Straczynski até que são interessantes e trazem um pouco do espírito do quadrinhos ancestrais de volta à tona, mas nada que se compare aos bons tempos de Stan Lee (antes de ficar doidão) e do mestre John Romita. É exatamente este o grande mérito da série Homem-Aranha: Azul, cortesia da dupla Jeph Loeb e Tim Sale: contar uma boa história do Homem-Aranha exatamente como nós teríamos lido há algumas décadas atrás.
A refinada arte de Tim Sale é um show à parte, criando um clima que nos remete imediatamente aos quadrinhos mais velhos do herói, especialmente na fase em que Romita assumia os desenhos, lá pelos idos dos anos 70. Fica um delicioso clima saudosista no ar, fazendo-nos viajar direto a uma era na qual os heróis eram mais nobres e inocentes. Até mesmo as cores parecem propositalmente irregulares e marcadas pelo tempo, como naqueles gibis velhos que você guarda há anos na sua gaveta…
Seguindo a linha de Demolidor: Amarelo e do vindouro Hulk: Cinza, a principal abordagem de Loeb e Sale fica sobre os personagens femininos mais fortes – no caso das aventuras de Parker, quem se destaca é a dupla Gwen Stacy/Mary Jane Watson. Perpetuando suas memórias num velho gravador, Peter se torna o narrador da história de como ele ‘quase’ não se apaixonou por Gwen Stacy. Afinal, na mesma época em que ele e Gwen começavam a se conhecer, vencendo as barreiras da timidez de Peter e da implicância do valentão Flash Thompson, finalmente o nerd de plantão conhece a estonteante sobrinha de Anna Watson: a ruiva Mary Jane Watson, que anos mais tarde se tornaria sua esposa. Enquanto trava uma luta dentro de seu coração, ele ainda tem que enfrentar o avanço de um misterioso inimigo e a sombra do Duende Verde, que jaz adormecido na mente de Norman Osborn…
Está tudo lá: os problemas na escola, a super-proteção da Tia May, a falta de grana, a dificuldade em conciliar seu alter-ego com os deveres do Peter Parker comum… todos os elementos que fazem do Aranha um herói tão apaixonante. Material obrigatório para quando Joe Quesada quiser lançar o seu “Curso Intensivo para Roteiristas do Homem-Aranha”. Menos mal: pelo menos o Bob Harras não está mais metido com o Teioso. Ainda bem! 🙂Homem-Aranha: Azul (Panini Comics) – Mini-série em 3 partes. Por Jeph Loeb e Tim Sale. 52 páginas. R$ 5,50
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