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Artigo adicionado em 02/12/2002, às 11:11

OS FANÁTICOS POR QUADRINHOS…DE POUSO ALEGRE
Será que você se identifica com algum deles? Pouso Alegre é uma cidade do interior de Minas com 100 mil habitantes e um gigantesco número de leitores de HQ: quatro. Contando comigo. Ao menos uma vez por semana, geralmente aos sábados, todos nós nos reunimos no porão de minha casa para falar sobre gibi, comer […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Pouso Alegre é uma cidade do interior de Minas com 100 mil habitantes e um gigantesco número de leitores de HQ: quatro. Contando comigo.

Ao menos uma vez por semana, geralmente aos sábados, todos nós nos reunimos no porão de minha casa para falar sobre gibi, comer jujuba, e tecer cuidadosamente nossos planos de derrubar o governo. Não necessariamente nessa ordem.

As recentes reviravoltas no mercado editorial brasileiro, que abarrotaram as bancas com novas e diferentes publicações, deram muito combustível para nossas discussões, que vêm se tornando cada vez mais interessantes. Tão interessantes que resolvemos compartilhá-las com os amigos d’A Arca. A partir de agora, em tempo irreal e fantasioso, você vai acompanhar toda a diversidade de opiniões que só cérebros amolecidos por anos de leitura de quadrinhos podem gerar. E não se incomode com detalhes superficiais, como o fato de meus colegas não serem humanos. Preconceito é crime.

Alcebíades, o cão labrador que é assinante do Valor Econômico e Primeira Leitura e só toma martini batido e não mexido, despreza a HQ convencional americana e abomina o Homem-de-Ferro. Para ele, no bigode de Tony Stark escondem-se os vícios dos quadrinhos modernos que os impedem de serem considerados como arte: a massificação cultural e a falta de criatividade. Quem sabe até piolhos. Aproveitou que sua excelência, o imperador e dublê de popstar Fernandinho Beira-Mar decretou feriado extraordinário na UFRJ (onde termina este ano seu mestrado em semiótica) para finalmente concluir sua leitura de "Palestina, Uma Nação Ocupada" e "Área de Segurança: Gorazde" (Conrad), ambas de Joe Sacco. Bem ao seu estilo, latiu: "concordo com a forma, mas não com o conteúdo. Achei válida a tentativa de ‘jornalismo em quadrinhos’, retratando os conflitos do Oriente Médio e da Europa Central, mas seu viés esquerdista pode ter comprometido a obra irremediavelmente". Alcebíades, muito conservador e tendo quase se convertido ao judaísmo alguns anos atrás (ele não gosta que toquem no assunto), viu em Palestina um libelo anti-semita. E acha que Slobodan Milosevic não pode ser tão má pessoa assim.

Bonifácio, o Bode Compulsivo, passou anos vociferando contra o monopólio da Editora Abril no mercado de quadrinhos de super-heróis. Aplaudiu quando a editora perdeu os direitos da Marvel. Semanas atrás, quando a Panini anunciou que também passaria a publicar a DC, restabelecendo o tal monopólio, fiquei curioso para saber sua opinião. Contraditório, ele afirmou ter apreciado, e muito: "formatinho, nunca mais! O formato Panini fica muito mais bonito empilhado na prateleira!". Sobre o monopólio, ele desconversou. A possível explicação não é simples. Bonifácio é, antes de um leitor de HQ, um colecionador de HQ. Diz-se à boca pequena no meio quadrinhístico de nossa cidade que ele nem mesmo gosta de HQ, só compra gibi para preencher suas estantes e o vazio de sua alma. Se isso for verdade, ele vai ter problemas se encher suas estantes primeiro.

Percival, o Macaco Idiota, está vibrando com Extreme X-Men (X-Men Extra, Panini). Ele acha que Chris Claremont está para os quadrinhos assim como Sydney Sheldon está para a literatura e Joel Schumacher para o cinema. E ele realmente acredita que isso é um elogio. Em suas palavras: "Claremont aproxima os personagens de quadrinhos do mundo real quando acrescenta em suas tramas os dramas de nossa realidade: romances, brigas em família, mortes. Não é à toa que ele elevou Uncanny X-men ao posto de número um nas listas de venda nos EUA". Tentei contra-argumentar dizendo que Claremont era muito rocambolesco, que de suas revistas vazavam clichês, que no melhor período do título ele não escrevia sozinho, mas tinha uma ajuda de John Byrne. E lhe perguntei se o argumento de vender muito também valeria para Sandy & Júnior, revista Caras e Big Mac. Mas ele não respondeu. Estava muito ocupado comprando títulos da dívida externa Argentina. Percival…bom, Percival é um macaco idiota.

Ineditamente, dessa vez o pessoal foi embora antes das jujubas acabarem. Quando enveredamos pela política e Percival declarou seu voto em Garotinho, Alcebíades mordeu sua canela e o clima esquentou. Precisei debandá-los mais cedo, com baldes de água fria. Mas Percival não precisa se preocupar. Alcebíades é um gibizeiro vacinado.


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