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Os jogadores de RPG de todo o mundo quase tiveram orgasmos múltiplos quando receberam a notícia de que dois dos maiores clássicos RPGísticos de todos os tempos iam ser transportados para as telas dos cinemas: o primeiro seria a trilogia de livros de "Senhor dos Anéis", do sul-africano J.R.R.Tolkien, que criou as bases para as mais clássicas ambientações de RPG e que seria filmada em três partes pelo relativamente desconhecido neo-zelandês Peter Jackson (leia mais sobre o filme clicando aqui). O segundo seria o filme totalmente baseado na ambientação do sistema "Dungeons and Dragons", o maior clássico do mundo do RPG (e, diga-se de passagem, quase que completamente baseado na obra de Tolkien). Enquanto a milionária trilogia do "Senhor dos Anéis", cujo primeiro filme estréia nos EUA em dezembro de 2001, vem sendo decantada como um clássico das proporções de "Guerra nas Estrelas", o filme de "Dungeons and Dragons" é um verdadeiro fiasco. Uma bosta sem tamanho. Como bem definiu o Fanboy: uma aventura para principiantes muito mal-escrita e comandada por um mestre tão iniciante quanto. Antes de mais nada, vai aqui uma correção: não, este não é um filme sobre o cultuado desenho animado "Caverna do Dragão", como muitos fanáticos vêm falando aqui e acolá. A confusão acontece porque o nome original em inglês da série de desenhos também é "Dungeons and Dragons", jogo no qual ela TAMBÉM foi baseada. Desfeita a confusão, vamos ao filme: em um reino muito distante (de onde?), conhecido como Izmer, reinava tranqüila a bela imperatriz Savina (Thora Birch, a filha de Kevin Spacey em "Beleza Americana"). Na verdade, "reinava", porque a presença do astuto arquimago Profion (interpretado pelo ator Jeremy Irons, de "Gêmeos: Mórbida Semelhança") ameaça a paz do reino.
O ambicioso Profion tem apenas um objetivo: dominar o reino de Izmer usando um poderoso artefato, um cetro capaz de controlar todo um exército da poderosa raça de dragões dourados que está sob a guarda da rainha. Além disso, ele pretende voltar o respeitado Conselho dos Magos contra a princesa Savina, desacreditada depois da morte do rei, seu pai. Ao lado de Profian está Damodar (Bruce Payne), cruel e sanguinário comandante da guarda imperial.
Acusada de traição por não querer entregar o cetro ao Conselho, Savina acaba procurando ajuda nas classes mais baixas do reino. O "help" vem na forma de um esperto e jovem ladrão, Ridley (Justin Whalin, o Jimmy Olsen do seriado "As Novas Aventuras de Superman"), que tenta a todo custo se virar numa sociedade onde aqueles que tem poderes místicos são muito mais respeitados. Era de se esperar que Ridley não fosse exatamente um fã da classe dos magos, diga-se de passagem. A missão de Ridley? Encontrar um lendário artefato que permite controlar os ainda mais poderosos dragões vermelhos antes que o ambicioso Profion o tenha em mãos.
Ao lado de Ridley e Savina vem uma patota do barulho. Começando por seu melhor amigo, o ladrão covarde Snails (Marlon Wayans, o insano maconheiro de "Todo Mundo em Pânico"), passando pela meia-elfa rastreadora Norda (Kristen Wilson), aliada freqüente da família real e uma arqueira habilidosa. Completa a equipe o rabujento anão Elwood (Lee Arenberg), louco para estripar alguns orcs com seu enorme machado. No meio do caminho, a trupe conta com a providencial ajuda de Marina (Zoe McLellan), uma linda feiticeira em treinamento e que está disposta a mostrar seu potencial mágico para ajudar a jovem imperatriz. Em suma: a história é bem básica, bem ao estilo da nova política da Wizards of the Coast (editora do D&D), que aos poucos vai desligando o jogo de seus cenários mais específicos.
Mas será que é assim tão ruim mesmo?
Eu achava que não. Mas é sim. Ainda pior, provavelmente. Uma experiência cinematográfica abominável, ainda mais para alguém que conhece o jogo. O roteiro é RECHEADO de clichês sem graça, coisa de quem não conhece picas do universo que está tentando apresentar. E na verdade, é isso que dá a entender da senhorita Courtney Solomon, a diretora do filme: ela nunca jogou ou sequer leu um maldito livro de D&D. Afinal de contas, se o tivesse feito jamais teria criado um anão tão pacífico e tão bunda-mole, meu Deus! Onde foi parar o instinto, a habilidade marcial desta raça? Sumiu? Será que é mais interessante mostrar um anão como uma criatura patética com pedaços de frango na barba? E, cá entre nós, ele nem é tão anão assim, porque era exatamente do tamanho dos outros personagens…
Mas as mancadas não acabam aí não: vocês se recordam de anões que ficam amigos e chegam a ser convidados para entrar numa cidade de elfos, não? Pois é, isso acontece ali, na maior cara de pau, bem na sua frente, caro RPGista. E os dragões? Ah, os dragões, as criaturas mais tridimensionais e sustentáculo da ambientação de D&D…reduzidos a meros répteis cuspidores de fogo. E é só. Nenhum deles fala, todos são criaturas estúpidas que ficam se batendo sem sentido na sequência final do filme. Por sinal, se você conhece um mínimo dos vis dragões vermelhos, vai ter uma síncope com esta derradeira cena. Nem vou falar nada! Fora o fato de que todos os dragões tem a mesma cara do lagartão de "Coração de Dragão" (cuja voz é do maaaaaaaaaaaaaaster Sean Connery). Mas como disse um amigo meu: "Cara de dragão é tudo igual, exatamente como os japoneses". Preconceitos à parte, sou obrigado a concordar com ele.
Tá legal, tudo bem, a adaptação ficou um lixo…mas nem como filme a bagaça funciona? Não Pois é, tô sendo sincero. A história é chata e cansativa, e o filme acabou ficando looooooongo demais. Os diálogos são simplesmente escrotos, bobagens que não se escreve nem em redação de quarta série. E as interpretações…não existem. Isso aí, todos os atores, sem exceção, estão horríveis, completamente arficiais. Acho até que a Thora Birch e o Bruce Payne estão nas piores interpretações de suas vidas, de tão forçados. O lado vilanesco de Jemery Irons é dos mais canastrões, parecendo até que o moço tá o tempo todo tirando uma onda da cara de alguém, do tipo: "Essa indústria é uma bosta, olha o que eu faço nos seus filmes blockbuster. Beleza Roubada é muuuuuuuuito melhor". E nesta avalanche de críticas, nem vou incluir os efeitos especiais, cenários e figurinos, todos de péssima qualidade e que mereceriam mais um páragrafo de pedras atiradas.
Alguma coisa de bom, talvez? Hummmmmm, algumas piadas incluindo o careteiro Wayans até arrancam um sorrisinho ou outro. Ah, é: e a pipoca que eu comi. Tava uma delíicia.
Chega de blá-blá-blá!!!!
Confira você mesmo os trailers e veja o que acha:
Formato: .mov
De onde a gente tirou: www.comingsoon.net
:: Alta Resolução (28,7 MB)
:: Média Resolução (13,8 MB)
:: Baixa Resolução (6,1 MB)
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