Excelsior!!!

A bondade pode parecer um tema meio bobo e piegas, mas na época em que estamos vivendo onde o poder e terror imperam, podemos resgatar esses pequenos valores. E nada melhor do que um filme despretencioso e divertido como “A Herança de Mr. Deeds” (Mr. Deeds), nova roupagem do clássico de 1936 e vencedor do Oscar “O Galante Mr. Deeds” (Mr. Deeds Goes To Town), dirigido pelo saudoso Frank Capra.

A vida de Longfellow Deeds (Adam Sandler) sempre foi boa (simples… mas boa) na pequena vila de Mandrake Falls, New Hampshire, onde ele era o dono da única pizzaria do local. No entanto, sua vida simplória muda com a aparição de Chuck Cedar (Peter Galagher) e Cecil Anderson (Erick Avari), dois figurões da cidade grande, que revelam que ele é sobrinho e o único herdeiro de um magnata da comunicação.

Imediatamente ele parte em direção a Nova York para dar cabo de sua fortuna. E como o dinheiro nunca vem sozinho, os espertalhões e a imprensa correm atrás do mais novo milionário da cidade. Com isso tudo acontecendo, Deeds só pode confiar em uma pessoa naquela cidade, o fiel mordomo Emilio Lopez (John Turturro), que trabalhou para seu tio por muito tempo… e que tem uma tara bizarra por pés!

Dentre os repórteres interesseiros está a bela Babe Bennett (Winona Ryder), produtora de um programa sensacionalista que fará de tudo para forjar escândalos na vida Deeds. Mas conforme vai convivendo com Deeds, Babe acaba conhecendo aquela bela pessoa que vive expressando seus sentimentos para todos e que nunca é compreendido. Uma pessoa de coração bom e que não liga para o dinheiro, e sim para a amizade.

O filme parece meloso, mas que filme não tem suas partes melosas? Além do mais, desses últimos filmes do Adam Sandler, esse é um dos melhores (não que eu tenha gostado tanto assim!), com piadas leves e que são realmente engraçadas. O diretor Steven Brill, que já tinha dirigido Adam em “Little Nick, Um Diabo Diferente“, acertou um pouco mais a mão em relação ao anterior, que só se salva pelas inúmeras participações especiais.

A ambientação é boa, pois consegue mostrar aquela clássica pompa de milionários com moradias douradas e absurdamente enormes que só aparecem nos filmes antigos. Aliás, toda a parte técnica já se entende, pois é praticamente a mesma equipe de todos os filmes de Adam Sandler. Outro ponto sempre positivo nos filmes de Sandler são as trilhas sonoras que agradam a todos, misturando clássicos do rock a grandes nomes do pop que toca nas rádios. Sandler regravou, ao lado do camaleão David Bowie, a divina “Space Oddity“, especialmente para este filme.

Outra coisa legal é o trocadilho que fazem com o nome da personagem. Para aqueles que não entendem inglês, Longfellow é algo como: camarada pra sempre.

Por falar em atores… temos reunido aqui um GRANDE elenco. Além de Sandler, temos ainda a fofura da Winona Ryder, de “Garota Interrompida” e do inesquecível “Edward Mãos de Tesoura”, o eterno coadjuvante e sempre bonitão (não me entrepetem mal) Peter Galagher, de “Beleza Americana e “Enquanto Você Dormia”, e o pouco conhecido Erick Avari, que fazia o dono da biblioteca em “A Múmia” e que estará no filme do Demolidor.

Uma coisa que vocês devem saber é: em TODO todo filme do Adam Sandler aparecem os atores Steve Buscemi (de “Cães de Aluguel” e “Fargo”) e Rob Schneider (de “Gigolô por Acidente” e “Animal”). Esse não foge à regra. Buscemi sempre num papel tosco e Schneider numa ponta ridícula… e não-creditados.

E para delírio de todos (ou pelo menos para o meu), falaremos do ator que mais gosto e mais me empolga. Sim, ele mesmo: JOHN TURTURRO, que fez “Barton Fink” e “E Aí Meu Irmão, Cadê Você?”, ambos dos Irmãos Coen. Mais uma vez, ele faz um latino pra lá de esquisito.

Se depois disso tudo eu não te convenci a ver o filme, beleza! Mas você vai perder um bando de atores legais para os quais nunca tem tempo ruim. É papel meia boca no cinema e dinheiro no bolso!