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Nascido em 23 de outubro de 1959 em Fraklin, Michigan, Samuel Marshall Raimi era um garoto normal como qualquer outro. Gostava de beisebol, ver filmes dos Três Patetas e Jerry Lewis e ler o gibi do Homem-Aranha. Seu pai Leonard tinha uma loja de móveis e sua mãe Celia tinha uma cadeia de lojas de roupas íntimas. Sam tinha tudo para levar uma vida normal com seus quatro outros irmãos até que começou a se interessar pelos vídeos caseiros que seu pai fazia de sua família. No seu décimo primeiro aniversário, conseguiu fazer o primeiro filme com os amiguinhos. Quando ganhou sua primeira câmera aos 13 anos, filmava de tudo: desde comédia no estilo dos Três Patetas até grandes épicos.
Seu primeiro encontro com o ator Bruce Campbell foi na oitava série. Sam estava sentado no meio do corredor vestido de Sherlock Holmes brincando de bonecas quando Bruce passou. Não sei se foi por medo da cena dantesca que acabara de presenciar, mas a amizade dos dois só começou realmente quando voltaram a se encontrar nas aulas de teatro do colegial. Na mesma época, conheceu Scott Spiegel e Josh Becker, formando assim o quarteto mais maluco da história do cinema. Os quatro se tornaram grandes amigos – embora sua amizade com Spiegel não tenha começado muito bem, já que Spiegel não queria lhe dar o endereço de Moe Howard. Comendo tigelas de Captain Crunch e assistindo juntos aos Três Patetas, os quatro criaram o termo que utilizariam por toda a sua carreira no cinema: Falso Shemp. O que todos eles tinham em comum era o gosto por cinema. Enquanto outros garotos brincavam na rua, Sam, Bruce, Scott e Josh gastavam seus finais de semana fazendo curtas em Super-8.
Sam foi para a Michigan State University, quando completou seus primeiros filmes: "It’s Murder" (1977) e "Clockwork" (1978). "Clockwork", que contava a história de uma mulher atormentada por um homem doente, levou Sam a se interessar pelo que viria a se tornar a sua especialidade: filmes de terror. Ele estava estudando H. P. Lovecraft nas aulas de literatura na MSU e curtiu um livro chamado Necronomicom (O Livro dos Mortos). Depois de escrever o roteiro sobre um grupo de garotos que profanam um antigo cemitério indígena e libertam espíritos malvados, ele e os amigos foram para Marshall, no Michigan, filmar "Within the Woods". Após uma exibição muito positiva no seu antigo colégio, Sam resolveu que já estava na hora de dar o próximo passo: conseguir investidores para o seu próximo filme. Coisa que não foi fácil… mas até rolou. E lá foram Raimi e sua trupe rumo à Morristown, no Tennessee, para rodar um filme chamado "Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio" ("Evil Dead").
Chegando lá, se instalaram em uma casa de seis quartos onde toda a equipe do filme (13 pessoas) ficaria enquanto o filme fosse rodado. Perto da casa onde estavam, acharam a cabana perfeita para as filmagens: sem luz, sem água, sem linha telefônica e com um cheiro que indicava que as vacas que pastavam por perto a tinham utilizado como banheiro público. Depois de limpar tudo, começaram diversos problemas que quase fizeram com que parassem de filmar: Sam foi perseguido por um touro, caiu com o carro dentro de um buraco, o irmão de Bruce caiu de um penhasco e teve de ser levado a um hospital, só pra citar alguns. Mas, enquanto filmavam, Sam já mostrava algumas de suas "marcas registradas": movimentos selvagens com a câmera, seu carro, um Oldsmobile Delta 88 1973 (O "Clássico"), aparecendo nas filmagens, comédia no estilo Três Patetas e uma das coisas mais fantásticas que já vi um diretor fazer: para conseguir matar cenas muito difíceis, Sam Raimi as filmava de trás pra frente. Ou seja, os atores faziam todos os movimentos ao contrário (Andavam pra trás, pulavam, etc…) e depois invertiam a rotação do filme. Todos essas técnicas especiais são usadas por Sam até hoje.
Meses depois, o filme estava pronto e foi o maior sucesso do Festival de Cannes de 1982. Um dos mais famosos espectadores do filme, Stephen King (escritor mestre do horror), publicamente chamou o filme de "o terror mais ferozmente original do ano". Com a ajuda de King, a película se tornou o número um em vendas e, com a ajuda da New Line Cinema, ficou conhecido com um dos melhores filmes de horror já feitos.
Após o sucesso de "Evil Dead", Sam se juntou aos irmãos Joel e Ethan Coen, com quem dividia um apartamento (junto com Bruce Campbell, Scott Spiegel, Holly Hunter, Frances McDormand e Kathy Bates) para filmar "Dois heróis bem trapalhões" ("Crimewave"), filme que foi totalmente destruído pela produtora Embassy Pictures. A Embassy, além de tomar controle total sobre o filme, fazendo com que todas as decisões tivessem que passar por eles antes (Motivo pelo qual Bruce Campbell não é o ator principal do filme), também tomou as rédeas na hora da edição, retirando todas as cenas boas do filme. Mas Raimi não se sentiu derrotado. Tudo que ele fez foi voltar às origens com "Uma Noite Alucinante II" ("Evil Dead II: Dead By Dawn").
O segundo filme da série foi muito mais fácil que o primeiro. Para conseguir apoio financeiro, Sam novamente contou com a ajuda de Stephen King. Quando King descobriu que queriam fazer a seqüência mas estavam com problemas para conseguir dinheiro, ligou para Dino De Laurentis e este permitiu que seu estúdio financiasse o filme. O elenco também foi fácil: Sam chamou seu irmão Ted para participar, já que ele era novo e poderia agüentar ficar dentro de uma roupa de látex o dia todo. O filme foi filmado em Wadesboro, na Nova Carolina. Seguindo a tradição, Sam inventou novas técnicas como a Sam-O-Cam. Nela o ator ficava preso em um "X" na frente da câmera enquanto Sam a controlava com um controle remoto, girando o ator em diversas direções e em várias velocidades. Bruce Campbell chamava o equipamento de "O Game Boy de Sam Raimi". Uma das coisas que Sam não gostava é que as câmeras da época só rodavam em 24 quadros por segundo, o que fazia com que o filme ficasse muito lento na sua opinião. Então ele começou a filmar em diversas outras rotações para obter o efeito desejado. A seqüência de "Evil Dead" foi bem aceita, mas não tanto quanto o original.
Sam sempre quis dirigir um filme sobre um super-herói. Depois de tentar sem sucesso fazer com que a Universal o deixasse dirigir "O Sombra" ("The Shadow"), decidiu que criaria seu próprio herói. O resultado disso foi "Darkman", o melhor filme de herói de revista em quadrinhos que não é baseado em um herói de revista em quadrinhos, que teve um sucesso estrondoso nos Estados Unidos e pelo resto do mundo, fazendo com que voltasse ao seu "filho" predileto.
Com um orçamento de oito milhões, "Uma Noite Alucinante III" ("Army of Darkness") foi um desafio. Especialmente porque Raimi decidiu fazer o filme do mesmo jeito que fez o primeiro. Embora tivesse uma equipe grande dessa vez, resolveu trazer somente seus amigos para trabalhar tanto na frente como atrás das câmeras. Teve vários problemas como extras incompetentes e a quase morte de um homem por esmagamento na primeira cena do filme (a sequência em que o Oldsmobile cai do céu). Quando o filme foi lançado, não fez tanto sucesso que justificasse uma seqüência. Logo depois Sam voltaria a trabalhar com os irmãos Coen no filme "Na Roda da Fortuna" ("The Hudsucker Proxy").
O próximo grande projeto de Sam foi "Rápida e Mortal" ("The Quick & The Dead"), para o qual foi escolhido a dedo por Sharon Stone, atriz principal do filme, que disse que Raimi faria um filme bem original sobre o faroeste. E não é que ela estava certa? Mas Sam teve que enfrentar algo que não estava acostumado: estrelas de cinema. Gene Hackman se recusava a fazer o que Sam pedia, mas com toda a paciência que tinha, ele sempre conseguia o que queria. Embora digam que nesse filme não aparece o "Clássico", ele está lá sim senhor. Basta prestarem muuuuuuuita atenção.
Depois de dirigir "Um Plano Simples" ("A Simple Plan"), com Billy Bob Thornton, e "Por Amor" ("For Love of The Game"), uma bomba com o Kevin Costner, e ainda trabalhar como produtor/criador das séries de televisão Xena e Hércules, Sam Raimi voltou ao gênero que o fez famoso com "O Dom da Premonição" ("The Gift"), um excelente thriller com Cate Blanchett como uma paranormal em Savannah.
O Homem-Aranha foi o próximo desafio de Sam Raimi. Do mesmo jeito que ninguém confiava em Peter Jackson para fazer "O Senhor dos Anéis", Sam nos mostrou que ele é a pessoa certa para o trabalho da mesma forma de Jackson: fazendo o que sabe fazer do jeito que sempre fez. E Sam Raimi já disse: "Esse é o momento certo para fazer a quarta parte da série Uma Noite Alucinante". O jeito agora é esperar. 🙂
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O quê? Vocês ainda estão aí? O que foi? Quer sabe o que é um Falso Shemp? Então vamos deixar Bruce Campbell nos dizer o que isso significa, direto do seu site oficial (www.Bruce-Campbell.com)
"Todos nós éramos grandes fãs dos Três Patetas quando jovens (Sam Raimi, nosso amigo Scott Spiegel e eu).
Enquanto nós aprendíamos mais sobre os Patetas, descobrimos que quando eles faziam os seus filmes (ou curtas — 20 minutos de duração) não faziam só um por vez, mas dois ou três — utilizando sets de grandes filmes classe A da Columbia que ainda estavam em produção. Isso permitia que, por exemplo, usassem um set de um castelo gigante e jogassem tortas uns na cara dos outros antes que o set fosse destruído. Como resultado, eles sempre estavam filmando pedaços de seus curtas com alguns já completos.
Bem, em um dia fatídico, Shemp (o cara realmente feio de cabelo preto comprido) morreu de ataque cardíaco e o resto dos Patetas, loucos como eles eram, tinham que terminar uma parte dos curtas já gravados. Então eles trouxeram um ‘Falso Shemp’. Os substitutos que eles usavam geralmente tinham o peso ou a altura errada e nunca agiam da mesma forma que Shemp. Mesmo no colegial (meio dos anos 70), distraídos pelos comerciais e comendo tigelas de Captain Crunch, nós poderíamos dizer quando que o Falso Shemp aparecia — em três ou quatro curtas — e nos divertíamos muito com isso.
Nós então começamos a usar o termo ‘Falso Shemp’ para qualquer ator (nos nossos antigos filmes em Super-8) que não tinham fala ou estavam substituindo outro ator ou que estava simplesmente no fundo fazendo alguma coisa ridícula. Isso acontecia muito quando você não podia pagar um ator para ficar um pouquinho mais.
Então, no primeiro filme da série ‘Uma Noite Alucinante’ nós decidimos usar ‘Falso Shemp’ como uma categoria oficial nos créditos. Os nomes que apareciam nessa categoria eram de pessoas que nós usávamos ‘partes’, como um pé, uma mão, alguém com muita maquiagem etc. É bem útil, já que alguns filmes (principalmente os de baixo orçamento) são montados de diversas cenas diferentes na hora da edição”
Muitas vezes, Sam se tornava um Falso Shemp (Daí o título da matéria), fazendo pequenas pontas em seus filmes.
Agora sim. Fora daqui!!
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