Cara, desde que eu vi o trailer desse filme, há longínquos… bem, mais de um ano atrás, eu me apaixonei. Se você notar que o filme (assim como o roteiro e produção) é do diretor francês Jean Pierre-Jeunet, que dirigiu filmes como Alien, A Ressureição, Delicatessen, e Cidade das Crianças Perdidas, algo sinistro e negro pode vir à sua mente. Mas eis que o cara surpreende com uma história – uma fábula, melhor dizendo – doce, sobre uma mulher que faz de tudo para levar felicidade às outras pessoas, mas acaba se enrolando na hora dela mesmo buscar a própria felicidade. Até parece o que David Lynch fez quando, depois de um currículo sinistro de filmes (e a melhor série de TV de todos os tempos, Twin Peaks), decidiu fazer o sensacional Uma História Real.
Amélie (Audrey Tautou, que vai participar do próximo filme de Stephen Frears, Dirty Pretty Things) é uma menina tímida, que foi educada com extrema rigidez pelos pais. Sempre muito introspectiva, sempre teve uma visão um tantinho diferente de como o mundo funciona. A sua vida muda depois que, sem querer, ela acha uma caixa de metal bem antiga no seu apartamento, com alguns brinquedinhos e fotos, e decide procurar quem era o dono dessa caixa. Nisso, ela faz uma promessa: se ela conseguir encontrar o dono da caixinha, ela continuará fazendo a vida das pessoas a melhor possível.
O jeito com que Jeunet conta a história a vida de Amélie, as loucuras que ela faz, as neuras que ela tem… é simplesmente divino. Não há aliens, e muito menos a história se passa em um mundo diferente, tanto que uma das coisas que mexe com a protagonista é a notícia da morte da princesa Diana.
Mesmo com a grande chance de ser taxado como um crítico de filmes puxa-saco e seboso, não vou mentir: me apaixonei por Amélie. Com ela, vemos os personagens mais interessantes, como os colegas de trabalho na lanchonete onde Amélie trabalha, ou com seus vizinhos. Personagens humanos perfeitamente construídos, onde passamos o filme a ver como Amélie irá entrar e mudar a vida de cada um deles. Há uma delicadeza, diria, um cuidado de como cada personagem passa suas vidas e sofrimentos. Destaque para o pai de Amélie, Raphaël Poulain (Rufus, de Delicatessen), e a amiga de trabalho de Amelie, Georgette (Isabelle Nanty, que vai participar do próximo filme de Asterix e Obelix, Missão Cleópatra).
Ainda assim, o que realmente nos prende à trama é quando Amélie se apaixona por Nino Quicampoix (Mathieu Kassovitz, de Um Sinal de Esperança). Como eu disse acima, Amélie é tímida, e adora transformar as pequenas coisas em grandes eventos. Os planos que a menina
trama para chamar a atenção do rapazsão simplesmente sensacionais! Me lembra da época que eu ficava ligando para as meninas para convidar para sair e, na hora que elas atendiam, eu desligava…
Bom, voltando ao assunto, agora. Falar da parte técnica do filme é outro dislumbre. Timing perfeito, edição magistral. O filme não é longo, nem curto. É o que deve ser. Mas a característica principal do filme são os closes, recurso que o diretor usa e abusa. A maioria das tomadas nós sempre vemos bem de perto a expressão de cada personagem, de cada detalhe de cena.
O que mais eu posso dizer? Esse eu vou comprar o DVD com toda a certeza! E não vão assistir o filme com aquele pensamento de que “filme francês é um saco”! Vocês não sabem a peróla que perderão. E eu voto nesse para o Oscar de melhor filme estrangeiro (bom, tá certo que eu não vi nenhum dos outros filmes, mas beleza)..
Vocês notaram os olhos negros dela? Lindos… – fanboy@a-arca.com
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