O diretor Adrian Lyne ficou conhecido mundialmente depois que fez o thriller erótico 9 1/2 Semanas de Amor, com Mickey Rourke e Kim Basinger. Logo depois, atacou com outro filme polêmico, e até hoje é considerado sua obra-prima: Atração Fatal, com Michael Douglas e Glenn Close. Com esse currículo, poucos sabem que Lyne também foi o diretor do cláááássico Flashdance, onde ele já mostrava que sabia lidar com a sensualidade de suas atrizes.
Mas Infidelidade, seu mais novo filme, não tem pretensões de ser tão polêmico quanto seus filmes anteriores (pelo menos não tanto quanto se possa notar), mesmo que traga uma visão muito interessante sobre traição. E consegue tirar uma interpretação espetacular de Diane Lane (A Casa de Vidro e Mar em Fúria) como a dona-de-casa Connie Summer. Claro, Lane é uma ótima atriz e realmente muito bonita, mas nas mãos de Lyne (sem duplo sentido aqui), a sensualidade da personagem vêm à tona de uma maneira muito verdadeira.
A vida de Connie, mulher casada com o bem sucedido Edward Summer (Richard Gere, de Outono em Nova York e Dr. T e as Mulheres) e mãe do pequeno Charlie (Erik Per Sullivan, o irmão mais novo da série de TV Malcom in The Middle) é feliz, mas monótona. Ao fazer
compras na cidade em um dia de forte ventania, ela acaba esbarrando em Paul Martel (Olivier Martinez, de Antes do Anoitecer), negociante de livros. Esse encontro acaba desencadeando uma série de eventos que vai levar a vida de Connie, Edward e Paul ao fundo do poço.
“Pô, mas eu já vi centenas de filmes assim”, alguém pode dizer. E é verdade. Esse gênero também criou seus clichês, e parece que nenhum cineasta consegue largar o vício de levar a história sempre para o mesmo lugar: a tragédia. Já Lyne escapa um pouco dessa sina. Lembre-se: eu disse “um pouco”. O filme têm um clima completamente diferente de Atração Fatal. Não há personagens que sejam loucos, não há paixões descontroladas: há sim um desejo, comum na maioria das pessoas. Um sentimento que surge quando menos se espera. E é tratado como tal: desconfiança, medo e, é claro, aquela maldita vontade de cair de cabeça nesse proibido caso. É por isso que passa a personagem de Diane Lane: Connie vai, aos poucos, sendo seduzida por Paul Martel, uma pessoa que se mostra mestre na arte do amor, mas irresponsável com as mulheres. Claro que o marido, Edward, começa a sentir a diferença no comportamento da mulher. Todos esses sentimentos muito bem dosados pelo diretor, que trouxe dos atores atuações muito convincentes
Além disso tudo, as palmas vão para Lane. Sua interpretação é realmente espetacular. Em especial, uma sequência que eu achei muito bem feita, é quando Connie finalmente vai para a cama com Martel: a personagem treme – e como treme – enquanto Martel vai começando a tirar a roupa da personagem. Simplesmente espetacular.
Mas há um porém: você recorda o que eu disse aí em cima? Eu disse que o cineasta escapa apenas um pouco da linha “tragédia”. Sim, pois com o decorrer do filme, ele acaba se utilizando de um recurso que simplesmente remete à todos os filmes do gênero. Não direi qual, é claro, isso você verá quando ver o filme. E essa medida me incomodou, já que estava gostando de como o filme estava caminhando. Da maneira que vejo, foi um desfecho de fácil solução. Queria muito ver como o cineasta iria lidar com os personagens se esse fato não tivesse acontecido.
Tirando isso, Infidelidade é um filme interessante. Não uma obra-prima, mas muito interessante. Mas o mais legal mesmo é ver que esse é o primeiro filme que o Richard Gere faz o papel do marido traído, e não do sedutor. Seria o fim da magia dos cabelos brancos? Richard Gere chifrudo??? ^_^.
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