Estava botando uma fé no Blade II. Sabendo que o diretor agora seria Guillermo Del Toro (que irá dirigir a adaptação do personagem dos quadrinhos Hellboye o mesmo de A Espinha do Diabo) já imaginei um filme muito bacana, com visuais caprichados e roteiro bem condensado. No geral, gostaria que fosse diferente do do primeiro filme, onde há tanto clichê que chega a dar nojo. Tudo nesse segundo filme é melhor, mas os clichês ainda teimam de aparecer.
O filme começa com Blade (Wesley Snipes, de O Demolidor) procurando pelo seu antigo mentor Whistler (Kriss Kristofferson, de O Troco), que todos acreditavam ter morrido no primeiro filme. Após encontrá-lo vivo – relaxem, não estou contando spoiler nenhum, afinal, o cara aparece vivo e falante no trailer – Blade recebe a visita de dois integrantes da Nação dos Vampiros: Nyssa (Leonor Varela, de O Alfaiate do Panamá) e Assad (Danny John-Jules, de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes), pedindo que Blade os ajude a derrotar uma raça de vampiros, os Reapers, que
bebem sangue não só de humanos, mas também de vampiros “comuns”. Blade aceita, aproveitando para descobrir ainda mais sobre a nação dos vampiros que tanto deseja destruir. Para isso, os vampiros oferecem a Blade a liderança do Bloodpack, vampiros antes treinados para destruir o “daywlaker” – aquele que caminha de dia – e que agora irão ajudar a derrotar os Reapers.
Para aqueles que não conhecem o personagem, Blade é baseado nos quadrinhos criados por Marv Wolfman e Gene Colan. Blade é um meio-vapiro, meio humano: sua mãe foi mordida enquanto estava grávida de Blade. Isso lhe concedeu todas as forças e poderes dos vampiros, mas nenhuma de suas fraquezas. Isto é, Blade é imune a alho, estacas e prata, além de poder caminhar livremente pelo sol. Com a morte de sua mãe durante o parto, Blade acaba jurando vingança contra os vampiros, e decide lutar contra eles. Mesmo assim, há algo que o atrapalha: ele continua sedento por sangue. Essa sede pode acabar descontrolando o meio-vampiro, por isso ele acaba injetando drogas para conter sua fome.
O filme é um festival de clichês. Mas isso tem um porquê, já que o roteirista David S. Goyer (de Cidade das Sombras) também escreveu o primeiro Blade. É possível sacar o filme inteiro depois dos 15 primeiros minutos. E pode ter certeza: você não vai errar.
Mesmo assim, a direção de Guillermo Del Toro consegue te prender à história. Os lances de câmera malucos, ajudados por efeitos especiais bem bacanas e um clima muito bem produzido, fazem você ficar atento à trama. No caso dos efeitos especiais, quem viu Homem-Aranha vai notar que o estilo é o mesmo: pessoas criadas em computação gráfica quando é necessário cenas mais ousadas, principalmente nas lutas coreografadas por Michel Yuen, o mesmo coreógrafo do filme Matrix. Ainda que os efeitos estejam melhores do que no filme do Aranha, é possível notar, sem fazer força, quando o ator é substituído pelo personagem 3D. Mas, também como no filme do aracnídeo, isso não estraga em nada a ação.
Mas o que realmente merece prêmio nesse filme é a maquiagem, elaborada por Steve Johnson e Michelle Taylor: os Reapers dão medo! E eles têm uma “funcionalidade” dão um toque de terror aos novos vampiros, que merecia um prêmio para o pessoal dos efeitos especiais, também. O líder dos Reapers, Jared Nomak (Luke Goss) também manda muito bem em sua interpretação. É interessante ver como o diretor e o roteirista conseguiram criar um vilão que é descarado muito mais forte que o anti-herói Blade. E isso leva a uma das melhores sequências do filme, o final. O confronto entre os dois é simplesmente sensacional!
Del Toro consegue ótimas interpretações de personagens completamente rasos. De qualquer maneira, essa nem era a idéia do filme, mas alguns pontos poderiam ser melhor desenvolvidos. Wesley Snipes nasceu para o papel do vampirão.
O filme tem falhas no roteiro, admito. Mas as sequências de ação conseguem prender mesmo aqueles que não conhecem nada. Um senhor filme pipoca, com pancadaria e sangue gratuito. Eu esperava mais, mas gostei. E antes que eu me esqueça: a atriz Leonor Varela, que faz Nyssa, é maravilhosa. ^_^.
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