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Excelsior, pessoal! Tudo bem por aí? Não estou atrapalhando nada, né?
Antes de tudo, não vá ao cinema pensando que só porque “A.I. – Inteligência Artificial” era um projeto de Stanley Kubrick, este seja essencialmente um filme de Stanley Kubrick. Steven Spielberg é um ótimo diretor e já mostrou isso inúmeras vezes, nem preciso ficar enumerando quais. Ao meu ver, isso também acontece neste filme, no qual ficam claras, especialmente na primeira metade, as referências ao cineasta barbudão – como a utilização de muita música para dar expressividade no lugar de diálogos. Spielberg é um diretor competente, mas não tem a mesma paciência e neurose que Kubrick tinha. Portanto, é fácil perceber quando ele se aparece Kubrick e quando ele se parece Spielberg.
A.I. nos apresenta David Swinton (Haley Joel Osment, de “O Sexto Sentido” e “Corrente do Bem”), um robô com a aparência de um garoto de 11 anos…e que foi feito para amar. Baseado num conto do escritor Brian Aldiss, “Supertoys Last All Day Long” (Superbrinquedos duram o dia todo), o filme se passa em 2143. O planeta Terra está diferente: as
calotas polares derreteram e afundaram muitas grandes cidades. A inteligência artificial é uma realidade e toda sorte de robôs estão espalhados pelo mundo, servindo como mordomos, babás e até empregados sexuais. Surgem os grupos anti-robôs, preocupados com a mecanização da humanidade. E também aparecem as entidades pela libertação dos autômatos, que os consideram seres inteligentes e, portanto, dotados de direitos assim como nós.
É nesse contexto que vamos ver emergir a história deste menino-robô, um dos primeiros programados para replicar as emoções dos humanos. As aventuras do garoto são narradas por Robin Williams (que, por sinal, também já foi um robô em “Homem Bicentenário”). David é adotado como teste por um funcionário da empresa que o criou, Henry, e sua esposa Monica (respectivamente Sam Robards e Frances O’Connor). O filho do casal, com uma doença terminal, foi congelado até a cura ser encontrada. Mas, por mais que seus novos pais gostem dele, a natureza do menino-robô o faz ser rejeitado tanto pelos humanos quanto pelos seres mecânicos. Desesperado, ele sai em busca da verdadeira humanidade. Não é à toa que Kubrick apelidou o projeto deste filme de “Pinóquio”.
Nesta jornada, David acaba trombando Gigolo Joe (Jude Law, de “O Talentoso Ripley”), um robô criado para servir como escravo sexual de homens e mulheres, indistintamente. Law ficou tão andrógino que, se fizessem um filme do “Sandman”, ele ficaria muito bom no papel do (a) personagem Desejo.
Haley Joel é simplesmente fantástico e mostra o que é ser um puta ator, mesmo sendo tão jovem. Jude Law também está muito bem. Percebe-se porque os dois foram indicados ao Oscar no mesmo ano, em 1999. Ah! Outro ponto que não posso esquecer é do Teddy, o ursinho de pelúcia de David. Pra mim, é o melhor personagem do filme. Ele tem um papel fundamental na trama, funcionando como se fosse o mentor do garoto, o seu “Grilo Falante”. Portanto, keep your eyes on it!
Confesso a vocês que não chorei. Só entraram uns dois ou três ciscos nos meus olhos, causando uma pequena irritação. Mas, depois de semanas tão turbulentas e cheias de tristeza depois dos atentados nos EUA, nada melhor do que desligar da realidade e entrar de cabeça em um conto de fadas…
:: Leia aqui a biografia do insano diretor Stanley Kubrick
:: E clique aqui para ler a tremenda campanha de marketing que o tio Spielberg utilizou para promover o filme
Bom, basicamente é isso. Próximo tópico: filmes obscuros do John Turturro:
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