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Artigo adicionado em 22/10/2002, às 03:33

COMEÇA O LEVANTE DA REVOLUÇÃO BREGA
Um manifesto contra a nova safra de moderninhos metidos a intelectuais da mídia paulistana Como já está se tornando costume, a idéia para esta nova coluna surgiu enquanto eu lia o caderno de cultura de um dos principais jornais do país. Não sei se era a ‘Folha’ ou o ‘Estadão’. Aliás, nem sequer me lembro […]

Por
Tutu Figurinhas


Como já está se tornando costume, a idéia para esta nova coluna surgiu enquanto eu lia o caderno de cultura de um dos principais jornais do país. Não sei se era a ‘Folha’ ou o ‘Estadão’. Aliás, nem sequer me lembro o nome do autor da matéria. Acho até que o texto é antigo, visto que eu o estava lendo na sala de espera do meu barbeiro preferido, aqui em Atibaia. Mas isto não importa, na verdade. O importante é que tudo começou com o Robinson Monteiro. A tal matéria era, na verdade, uma crítica do disco de estréia do ex-calouro do Raul Gil. Mas se estendia a toda esta safra de músicos, tipo André Leono, Leila Moreno e Kelly Moore, que começam a tomar conta das rádios e programas de TV com suas baladas black, a la Whitney Houston e Mariah Carey. Você pode não reconhecer de primeira nenhum dos nomes aos quais me refiro, mas com certeza deve ter ouvido alguma de suas músicas – isso se você não vive em Marte ou Saturno.

O sujeito até admitia que a voz de Robinson é realmente poderosa (coisa inegável, no meu ponto de vista). Mas aí…ele começava a desfilar um festival de bobagens com aquele gostinho amargo dos textos ‘intelectualóides’. O crítico afirmava, sem medo de ser feliz, que esta onda de novos cantores é uma verdadeira ‘praga comercial’. "Como se já não bastasse ter que aturar a verdadeira Whitney Houston, ainda temos que ouvir seus clones tupiniquins", dizia o texto. Segundo ele, a coisa toda se parece demais com o axé e o pagode que, mesmo sem a mesma força de outrora, ainda estão presentes na mídia popular. E completa: ‘o Brasil realmente não consegue se livrar do brega, não interessa que forma ele tome’.

Sinceramente: estes caras preferem ver as loiras e morenas da axé music rebolando o traseiro na boquinha da garrafa a ouvir uma canção rasgadamente romântica? Pode ser grudenta, tudo bem…mas será que falar de amor abertamente virou sinônimo de coisa ‘brega’? Para esta nova safra de ‘moderninhos’ que infestam os meios de comunicação paulistanos, parece que sim.

:: Hã…moderninhos?

É, você deve conhecer pelo menos um deles, acredite. São aqueles caras que cultuam o underground, sonham em ir para Londres nas férias e abominam toda e qualquer banda ou músico que tenha gravadora ou que esteja tocando demais nas rádios. Não lêem gibis de super-heróis, preferem quadrinhos europeus e os independentes americanos. Detestam blockbusters tipo "Senhor dos Anéis" e "Guerra nas Estrelas": curtem muito mais o "Transpointting", do Danny Boyle. E no mundo da música…ah, rapaz…aí sim é que está o grande problema. Parece que estes sujeitos não gostam de ABSOLUTAMENTE nada que não seja:

1) Clássico absoluto de um determinado gênero, tipo Beatles e Ramones. Se a banda ainda estiver na ativa (tipo os Rolling Stones), eles vão dizer sem pestanejar que preferem os primeiros discos do grupo do que esta fase atual, que está ‘comercial demais’…

2) Uma banda completamente desconhecida, daquelas que só os amigos dos músicos conhecem e cujos discos são dificílimos de encontrar;

3) Completamente esquisito, com instrumentos estranhos como batedeiras e todo o tipo de experimentação sonora que, em algum momento, vai te fazer perguntar: ‘mas o que diabos eu estou ouvindo mesmo?’

4) Um grupo com leve inspiração punk, com vocais e instrumentais desleixados, sem preocupação com a produção – mas um detalhe: jamais deve se parecer com hardcore;
5) Totalmente eletrônico – nada de ‘putz-putz-putz’, daquele tipo que você jamais ouviria na Jovem Pan, mas sim numa daquelas raves nas quais eles encontram com todos os colegas críticos de música…

6) Lançado pela gravadora Trama. Tudo bem, admito que forcei a barra…mas que posso fazer se 90% dos lançamentos dos caras se encaixam em pelo menos quatro dos itens acima? 🙂

Não tenho nada contra os gostos destes fulaninhos – aliás, muito pelo contrário, porque curto muitas coisas que eles veneram de paixão. Mas sou contra esta postura xiita e ignorante de rotular tudo que está fora da esfera de gosto pessoal deles e de sua turminha ‘bacana’. Eles são cool, eles são cult, o resto do mundo é estranho, esquisito, diferente, inadequado. Por que diabos tudo tem que ser preto e branco? Que tal experimentar um pouco do cinza? Por que a gente tem que ser assim tão radical?

E o jeito que os caras falam, aquele discurso mala sem alça… É igualzinho àqueles críticos velhos e chatos que estão presos para sempre nos anos 60, os intelectualóides que criticam o cinema pipoca americano e adoram cinema francês, alemão, iraniano… "A indústria do entretenimento está comercial demais" parece ser a frase preferida dos caras, enquanto infestam o Espaço Unibanco aplaudindo mais uma mostra de filmes do Godard. A gente já falou de um deles aqui mesmo, nesta coluna, lembra? Dá uma clicada para refrescar a sua memória…

Para eles, tudo que é novidade na mídia é uma bosta. Kelly Key? Uma bosta. Linkin Park? Uma bosta. KLB? Uma bosta. Nickelback? Uma bosta. Tudo acaba entrando junto no mesmo balaio de gato e eles acabam não separando o joio do trigo, colocando seus gostos pessoais em tudo quanto é crítica/matéria/texto/ensaio/análise – por mais que aleguem que são completamente ‘imparciais’. Ainda bem que, aqui n’A ARCA, a gente nunca se fingiu de imparcial…

O grande problema desta história é que esta trupe atualmente domina os cadernos de cultura dos principais veículos de comunicação da mídia de São Paulo. Se você parar para pensar que ‘Veja’, ‘Istoé’, ‘Época’, ‘Folha de São Paulo’, ‘Estado de São Paulo’, ‘Carta Capital’ e tantos outros são meios que atingem o Brasil inteiro, com muito mais penetração do que um jornal ou revista local, produzidos e distribuídos com muitíssima dificuldade… Por isso, este grupinho seleto de críticos paulistanos se tornam muito mais formadores de opinião do que qualquer jornalista da região. Entenderam a gravidade do problema?

:: A revolta do brega se aproxima!

Pois bem: pau na bunda deles (desculpem o linguajar, mas é isso aí). Que Robinson e companhia ainda têm muito a melhorar no repertório, concordo plenamente. Mas daí a chamar esta nova onda lançada pelo genial Raul Gil de ‘praga’ é um exagero sem tamanho! A música deles pode ser brega…mas que bom que, finalmente, o verdadeiro brega volta a dominar as nossas rádios, dando um chega pra lá nas musas baianas e grupinhos de samba neo-romântico (porque pagode é uma coisa muitíssimo diferente do que eles fazem). Eu sou brega e assumo isso sem medo…porque o Brasil é brega. E só eles se recusam a ver. Motivado pelo nosso mestre maior, o genial Falcão, lanço agora o ‘Manifesto Brega contra os Moderninhos‘.

Viva o Amado Batista, nosso ‘Roberto Carlos do Nordeste’! Salve Reginaldo Rossi e Sidney Magal, o pai da Sandra Rosa Madalena, a mulher com quem eu vivo a sonhar! Hip-hurra para o mestre Silvio Santos!!!!!

Muitas saudades do Ovelha, do Biafra, do Nahim, do Gilliard, do Luan e Vanessa, do Jessé! Onde está o Roupa Nova? E os anos 80, então? Quer coisa mais brega e maravilhosa que aquilo? Atari, Genius, velotrol, Dip-Lik…Eu ainda lembro de todas as letras do Trem da Alegria e do Balão Mágico! Eu chorei quando ouvi "Take On Me", do A-Ha, pela primeira vez. E ainda me arrepia fundo quando vejo a imagem do Bozo na TV.

Ainda tenho gravados em VHS clássicos como "Curtindo a Vida Adoidado", "Admiradora Secreta", "O Último Americano Virgem" e "Feitiço de Áquila". E o que dizer de John Hughes? Nosso MESTRE! "Clube dos Cinco", "Gatinhas e Gatões"… quer coisa mais legal?

Ahhhhhhh, sim: adoro o tal do ‘metal farofa’ (ou hair metal, como queiram). Cabelos armados, roupas de couro ou com estampa de ‘tigrinho’ grudadas no corpo e baladas pesadas mas cheias de letras românticas, tudo isso é simplesmente ducaralho, como diria o El Cid. Saudações d’A ARCA ao Poison, ao Scorpions, ao Twisted Sister, ao Van Halen (do David Lee Roth, que era muuuuuuuito mais legal), ao Aerosmith, ao Bon Jovi…

Se tudo isso é ser brega, sou brega com muito orgulho, principalmente porque nós vivemos no país mais brega do mundo! Assuma agora mesmo o seu lado brega e vamos protestar pelo nossos direitos!
Eu detesto óculos da Chilli Beans. Prefiro muito mais aqueles ray-bans falsificados do (011) 1406 que a gente compra em qualquer camelô! Aliás, sou muito mais uma visita aos camelódromos e brechós da cidade do que umas comprinhas nas lojas modernosas da Galeria Ouro Fino. Se eu quiser colorir o cabelo, vou usar papel crepon mesmo. Se quiser um tênis colorido, pode deixar que um spray resolve o problema. Não uso aquelas bolsas tipo carteiro, que todo web-designer parece ter obrigação de pendurar transversalmente no peito. E admito: adoro comer no Mc Donald’s – com toda a certeza você NUNCA vai me ver usando uma daquelas camisetas pedindo a morte do Ronald McDonald ou de qualquer destes ícones ‘capitalistas’. Sou anarquista e revolucionário há muito tempo, desde muito antes desta molecada achar que o Che Guevara está na moda, colocando a cara do coitado do sujeito em camisetas e todo tipo de penduricalhos. E sei que a verdadeira revolução se faz de dentro pra fora, nunca de fora pra dentro.

O meu ‘case’ de CDs mistura muito bem o "Belle and Sebastian" que eles tanto cultuam com alguns CDs do Falcão, do Rappa, a trilha sonora do filme do Senhor dos Anéis e pérolas do metal farofa como Poison e Scorpion. Esquisito? Nada disso: eu sou é feliz, sei curtir tudo de divertido que a vida oferece. Não sou como esta casta de ‘pseudo-intelectuais’ que ficam se preocupando em provar quem conhece a banda mais obscura e tentando encontrar defeitos em tudo que seja ‘mainstream’. Cuidado, hein: isso dá ruga.


OBS 1: Eu não quero viajar para Londres nas férias. Prefiro, sem sacanagem nenhuma, conhecer a Birigui decantada pelo Tubaína, na boa.

OBS 2: Se algum fêla-da-puta copiar este texto e mandar pela internet dizendo que foi o Arnaldo Jabor que escreveu, eu prometo que corto as bolas dele fora e dou para os meus porcos comerem!


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