Eu estava morrendo de saudades de todos vocês! Pois é, depois de mais de um ano afastada, sem dar notícias e nem sequer mandar um cartão postal, a sua sexóloga preferida está de volta. Abra aquele champanhe francês e comemore: Carmen Cristina está de volta a internet! 🙂
Pra comemorar a minha estréia aqui n’A ARCA, só mesmo um assunto que que eu adoro: relacionamentos! E não tinha mote melhor para dar este pontapé inicial do que…as namoradas dos RPGistas. Pois é: os meninos saem pra jogar, ficam até as seis da madrugada numa sala trancados com um monte de machos (o que seria um sonho pra mim, eu diria)…e o que as cônjuges dos distintos acham disso?
Mas ao invés de discorrer um blá-blá-blá acadêmico, fui procurar uma excelente fonte: a El Cidona (vulga Carolina Carvalho Silvestre), mulher do nosso querido El Cid. Nos encontramos numa ensolarada tarde de domingo lá na casa dos dois – o Cidinho não estava, tinha ido até a casa do Fanboy (uau, que novidade). E eu amei conhecer a moça! É o nosso delicioso bate-papo que reproduzo abaixo…Confira!
Carmen Cristina: É possível conciliar a vida de um jogador de RPG com a vida de um homem casado? Pergunto porque, enquanto namorados, devia ser mais fácil mas, agora que vocês estão casados, a coisa muda de figura, não?
El Cidona: Ao contrário: enquanto namorados é mais difícil, pois você volta para a sua casa e ele para a dele, e o tempo que vocês deveriam estar juntos, ele joga RPG. Já casados, vocês estão na mesma casa, então é mais tempo que você passa com a pessoa, querendo ou não. Todo dia a noite, ele vai estar lá (tirando o dia que ele joga RPG.)
CC: Os horários batem? Por exemplo: dá pra deixar o rapaz jogar RPG no fim-de-semana e ainda marcar uma balada logo depois? Ou ele só quer saber de dormir?
EC: Tudo é questão de conversar, pois vai chegar o dia em que eu vou querer fazer algo, e assim como eu, ele terá que abrir exceções.
CC: Você nunca implicou com o fato de ele jogar RPG? Quer dizer, nada de te incomoda nesta história?
EC: Sim, alguns amigos infelizes que ele tinha como companheiros de jogo me incomodavam bastante. Uns eram vagabundos natos, outros voodos ambulantes, mas tinham alguns que se salvavam. É bom salientar que muitas dessas graciosas companhias também não iam muito com a minha cara, pois diziam que eu pegava no pé dele. Agora, modéstia a parte, tanto eu era "a chata"que ele preferiu a mim….
CC: E os grupos de RPG do moçoilo? Você aceita todo mundo numa boa ou já chegou a implicar com este ou aquele?
EC: Na verdade eu implicava com o horário que ele tinha que me buscar depois do jogo e isso era motivo para os voodos implicarem comigo. Nesse ponto eu não ficava nem um pouquinho quieta.
CC: Você nunca teve ciúmes de deixar o maridão jogar até altas horas, não?
EC: Não, eu sempre confiei nele como confio até hoje, e ele em mim, mas o que eu sempre reclamei era quando ele esquecia que eu existia.
CC: Ele já te convidou para jogar RPG? Se sim, você aceitou? E o que achou?
EC: Sim. Eu até joguei algumas vezes e gostei. Mas me pedia um tempo que eu não tinha.
CC: Iria jogar novamente?
EC: Se tivesse tempo, talvez.
CC: Afinal, dando uma opinião isenta: o que você acha do RPG?
EC: Bom para o desenvolvimento do raciocínio, pois tudo o que você faz no jogo tem um efeito, e pode pôr em risco a continuidade do seu personagem na aventura, e ótimo para o desenvolvimento da criatividade principalmente de crianças e adolescentes. Essa conversa de que causa influência em atitudes violentas nos mesmos é desculpa para se safar da culpa de não ter dado atenção suficiente para o seu filho, ou não ter entendido que os problemas dele são importantes e que você não pode nunca compará-los com os seus. Fora a má índole que a criança pode apresentar desde pequena, e mais uma vez ser ignorada pelos pais, por orgulho, amor próprio ou por simplesmente eles acharem que o comportamento violento é "apenas uma fase".
CC: O jogo fez algum mal pra cabeça do seu marido?
EC: Não, de maneira alguma, muito pelo contrário: o poder de criação dele é maravilhoso, e eu digo que eu gostaria de ver meus filhos jogando RPG.
CC: Seja sincera – será que você não se tornaria uma jogadora de RPG tão viciada quanto ele se experimentasse o jogo mais vezes?
EC: Não, eu gosto de outros tipos de vício, tais como Dance Dance Revolution (fliperama de dança). E ele sabe muito bem disso (hehehehehehehe).
CC: Para um relacionamento de um jogador assíduo de RPG dar certo você acha que ele só pode namorar uma menina que jogue RPG?
EC: Não, veja o nosso relacionamento e você pode conferir que isso é furado.
CC: Por que você acha que é tão difícil ver mulheres jogando RPG?
EC: As mulheres, no mundo todo, são criadas para serem mães. O primeiro brinquedo sempre é uma boneca, enquanto o primeiro brinquedo dos meninos são, geralmente, coisas que, de uma forma ou de outra, ajudam a desenvolver o raciocínio: videogames, skates e etc. Não é feio ser mãe, muito pelo contrário – mas aquele pensamento machista prevalece, criando as garotas para não pensarem e deixando-as, pelo menos até a adolescência, longe deste tipo de jogo. Outro detalhe: a menina amadurece mais rápido. Aquilo que o rapaz de 15 anos acha graça pode não atrair a garota de mesma idade.
No entanto, acho que a culpa é principalmente das próprias rodinhas de RPG. Fora algumas exceções (que existem sim, e se deve aprender com elas), as rodinhas de meninos que jogam RPG são formadas por rapazes que nunca namoraram ou o fizeram pouco. São pessoas tímidas, meio fechadas, que acabam usando o jogo para se soltarem. Alguns deles têm medo de meninas que tomem atitudes mais fortes, que saibam agir como eles. E isso torna boa parte deles preconceituosos. Eles mesmos fecham o círculo. A garota não se sente segura no meio deste grupo. Os moleques podem confundir as coisas e ficar só paquerando a menina que não está lá pensando nisso. E não ajuda nada ver um monte de caras tomando Coca-Cola, comendo pizza com a mão e arrotando!
CC: HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
EC: Verdade! Eles não sabem ser cavalheiros, dóceis…Por isso é que, nestes casos, eu afirmo sem medo: é um bando de nerds que nunca vão agarrar mulher! Hehehehehehehehehe!
CC: HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Muita boa! Valeu pelo papo, Carol!
E VOCÊ?
— É, você mesmo que está lendo esta matéria! É jogador de RPG? Tem uma namorada, esposa ou só aquele casinho? Ela aceita o seu hobby ou implica com seu grupo de jogo? Conta pra gente! Escreva para carmen@a-arca.com e fique ligado: vamos publicar as melhores histórias!
PS: By the way – recebi alguns e-mails de uns fofoletes perguntando sobre a mensagem de despedida que, até alguns meses, esteve disponível para os que acessavam o www.putaquepariu.com. Lá, o nosso amado Sr.Y deixava claro que tinha se descoberto que euzinha era, na verdade, um homem. Isso eu faço questão de esclarecer – como todo mundo sabe, eu e o moço tinhamos um, digamos, affair. Semanas antes do encerramento definitivo das atividades na PQP, eu resolvi pular fora para me dedicar ao meu site. E ele ficou tiririca. Se sentiu meio traído – o que não deixa de ser um tanto verdade. Para ver se me atingia, ele colocou aquela mensagem lá. Nada não: eu e o clone melhorado do George Clonney já saímos para almoçar juntos e colocamos tudo em pratos limpos. Sem stress, que não sou mulher disso.
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