Sim, eu não gosto. Não adianta vir com história. E sabe o que é pior? O que dói mesmo? É saber que apenas um elemento aqui estragou a série. E um elemento que praticamente nem faz muita diferença em séries, em filmes ou até mesmo em livros: a história (notaram meu sarcasmo?). Exato: tudo em Beast Machines é magistralmente bem feito, menos a história. E isso levou essa série que tinha tudo prá dar certo à bancarrota. Mas eu vou me explicar….
Beast Machines é a continuação direta de Beast Wars, 2ª. série animada sobre os Transformers, raça de robôs do planeta Cybertron. A história original pode ser resumida assim: enquanto os Autobos, liderados por Optimus Prime (nosso conhecido Líder Optimus), estavam procurando por uma nova fonte de energia pelo espaço, estes são atacados pelos Decepticons, e ambas as facções acabam caindo em um planeta desconhecido (a Terra, básico…), ainda na era pré-histórica, mais precisamente, no vulcão St. Hillary, nos Estados Unidos. Em 1985, com a erupção do vulcão, Teletran 1, computador de bordo da nave autobot conhecida como Arca (uau! Até essa tem o mesmo nome!), reativa os robôs, reiniciando a batalha entre Autobots e Decepticons e blá, blá, blá… o resto é história..
Em Beast Wars, duas novas facções, os Maximals (descendentes dos Aobots) e os Predacons (descendentes dos Decepticons) estão em uma paz forçada em Cybertron, trezentos anos depois da série original. Megatron (não o antigo robô que se transformava em arma) e sua gangue de Predacons roubam um disco dourado dos Maximals, o qual indicava vários pontos de energon pelo Universo, o que daria força para os Predacons tomarem o poder. Os Maximals, liderados por Optimus Primal, tentam resgatar o disco. Na tentativa, ambas as naves entram por um transwarp, uma passagem tempo-espaço, e acabam caindo em um planeta desconhecido, que depois sabe-se que é a Terra em seu período pré-histórico.
E Beast Machines, hein? Bem, essa nova série continua logo após o final e Beast Wars, onde os Maximals haviam vencido a guerra na Terra. Optimus Primal e seu grupo de Maximals agora têm que fugir dos Vehicons, Transformers sem spark (algo como uma alma) comandados por Megatron, que agora domina toda Cybertron e tenta destruir qualquer matéria orgânica do planeta, fazendo com que os Maximals sejam caçados.
UFA!!! É realmente grande o número de detalhes que a série ganhou desde Beast Wars. Não há como negar, os roteiristas estão fazendo o sonho de todo fã maluco por Transformers. Além de nos deliciar com histórias coesas, com começo, meio e fim, além de continuidade (coisa só vista depois de Transformers – O Filme), o festival de referências é gigante! Desde Beast Wars é assim, com o aparecimento de figuras clássicas como Starscream, Ravage, a Arca (sim , com todos os robôs da G1 dentro!) e até mesmo fechando pontas da série antiga (como a espaçonave Nemesis, veículo utilizado pelos Decepticons para abater a Arca na série original, que sumira sem deixar vestígios). Com Beast Machines é a mesma coisa, só que com um clima mais sombrio. Em Beast Wars, o humor era comum… em Beast Machines, humor não existe! Ei, mas há até uma referência a Pokémon em um dos episódios (o vehicon Jetstorm, ao encurralar os Maximals, diz: "Eu consegui pegar todos! – I managed to catch them all"). Apenas uma curiosidade…
Beast Machines prima por diversos elementos: o visual sombrio, algo que nunca tinha visto em Transformers. Isso ficou sensacional. A música incidental também é uma maravilha: as seqüências de perseguição dos Vehicons aos Maximals são sensacionais. O clima da série não deixa espaço para piadinhas (tão comuns em Beast Wars), colocando um clima de fim de mundo, o que não deixa de ser. A idéia de Cybertron dominada por Megatron é muito boa, também. Os personagens envelheceram, ganharam experiência. A responsabilidade aumentou, o que deu um grande gancho para mexer com os personagens. Tudo que se precisava era de uma história boa. Ela simplesmente inexiste.
Mas, afinal, por quê não posso chamá-los de Transformers, como disse lá no começo? Bem, há diversos motivos. Vou começar por um que, desculpe, é algo de fã: a transformação. Vou explicar melhor: ao chegarem em Cybertron, para escaparem de um vírus que Megatron jogou nos Maximals que os impedia de se transformar para sua forma robô, o supercomputador de Cybertron, Oracle, acaba "reformatando" (Reformatting, nome do primeiro episódio) os Maximals, fazendo uma fusão perfeita entre matéria orgânica e tecnologia. Com uma história sobre encontrar o equilíbrio interior, os Maximals agora se transformam como se a transformação fosse uma habilidade de difícil alcance e de alta concentração ("para se tornar um guerreiro, você deve deixar a fera de lado"). O resultado é que agora, os Transformers MORFAM! Isso pode parecer bobeira, mas para quem acompanha a série desde a G1, é quase duro engolir tal conceito… Eu tinha que citar isso, já que sou um fã pirado! E é estranho pacas! Até hoje engulo meio seco nisso, mas não há como negar que a idéia é original. Mas beleza, vamos seguir em frente, porque esse problema (problema?) é minúsculo perto do âmago da coisa.
"Então, seu Fanboy dos infernos, pára de chover no molhado e fala logo o que você tanto odeia na história"! Simples: tudo. O que os escritores Bob Skir e Matt Isenberg fizeram, a meu ver, foram criar uma nova base para o Universo TF, coisa que não dá prá engolir. Cybertron já ter tido vida orgânica? Meu, o que tem a ver? Não engoli essa. Outra coisa que eles fizeram foi criar coisas absolutamente sem sentido algum, como o personagem Noble (transforma/morfa de forma animal para forma animal??? Hã??? E de onde ele veio?), e a volta de Waspinator para Cybertron (lançado de catapulta pelos ancestrais do homem??? HÃ??). Além de deixar diversos pontos sem resposta de BW e criar mais dúvidas e deixá-las no ar (como que raios Megatron conseguiu, praticamente sozinho, dominar Cybertron inteira, tirar o spark de todos os robôs, e esconder o corpo de todos? Como o Megatron conseguiu aquele corpo novo?). Nada faz sentido, é uma sucessão de erros. Bom, nem preciso dizer que o final de Beast Machines é a coisa mais horrível que eu já vi!! Esperem e verão… Já vi a série completa, o final dá nojo… Há diversos outros detalhes, que deixarei prá quem for assistir notar. O que eu quero dizer é: se você está escrevendo algo onde um universo foi construído, se atenha a ele. Não fique querendo inventar onda. Beast Wars teve uma senhora indignação dos fãs no começo, mas os três anos de série provaram que ela realmente fazia parte do Universo TF. Beast Machines não conseguiu.
Isso sem falar na péssima série de brinquedos que vieram junto com a série: cara, os robôs brilham!! Além de alguns serem translúcidos (o que vai contra o clima sinistro da série), a maioria nada tem a ver com seu semelhante na série. O que é ridículo. Tanto é que as vendas não foram nada do esperado, afinal, quem quer comprar um boneco do Optimus que não se parece com o Optimus? Desculpe, eu passo.
Bom, gente, chega! Já falei demais para uma matéria só! Para terminar, eu digo: assistam Beast Wars, é muuuuuito mágico, e se não assistirem Beast Machines, não estarão perdendo muita coisa. Repito: o visual é mágico, a música, o clima… os personagens… mas a história… Claro, se a série não tivesse nada a ver com Transformers, realmente a idéia é boa. Só foi aplicada no universo errado. E eu espero receber vários emails de vocês dizendo o que acharam.
Vários robôs me esperam… fanboy@a-arca.com
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